Por Altamir Pinheiro
Sangue escorrendo livremente pelo chão, os miúdos e as entranhas dos animais jogados ao piso, o ranger do serrote cortando ossos e pedaços de carnes jogadas por cantos imundos e fétidos. Essa cena se repete um dia antes das feiras livres nos matadouros localizados nas cidades de toda a região do Agreste Meridional. Todos, sem exceção, estão entregues ao “deus dará” em estados deploráveis, podridão pura!!! É estarrecedora a opinião de alguns veterinários dos quais tive a curiosidade de consultá-los. Eis a respostas de alguns: “Se fôssemos colocar em prática todas as normas, teríamos de fechar a maioria dos abatedouros do Agreste Meridional, que não têm fiscalização federal e sequer a ADAGRO e Vigilância Sanitária se fazem presentes nos dias de abates desses animais”, admitem. “A presença do veterinário é uma regra que, na maioria dos casos, não é respeitada”.
A cidade de Capoeiras, localizada no Agreste Meridional é um exemplo do descaso da Secretaria de Agricultura do Estado de Pernambuco que tem como secretário o ilustre deputado Nilton Mota, secretaria esta que tem como atribuições exercer as atividades de inspeção, fiscalização e defesa agropecuária. Têm-se uma impressão que o nobre secretário sequer conhece o Agreste Meridional, a mesma coisa não se pode dizer do Setentrional e, particularmente a cidade de Surubim e os municípios circunvizinhos que são tratados a “pão-de-ló” pelo distinto secretário Nilton Mota. Daí, pergunta-se: por que tanta regalia para o Agreste Setentrional e tanta escassez e abandono para o Meridional?
Pois bem, depois de muito esforço, em 2016, com dinheiro do FEM, a prefeita de Capoeiras, Neide Reino(PSB), deu uma “guaribada” ou arrumação, como queiram, no matadouro local e, até hoje, a prefeita espera do Governo do Estado o material de instalação prometido e nada, “nadica” de nada. E vejam que o matadouro de Capoeiras dá suporte para abate de animais aos municípios de Caetés e Jucati. Quer dizer, são três municípios que fazem uso, semanalmente, do respectivo matadouro da cidade de Capoeiras que está lá esperando que o material prometido seja instalado. A mesma coisa acontece com a cidade de São Bento do Una, donde, a prefeita Débora Almeida(PSB), se encontra na mesma situação. Vejam que as duas prefeitas pertencem aos quadros partidários do Governador Paulo Câmara e são tratadas dessa maneira, imagina se...
Referindo-se a esses matadouros, estamos falando dos oficiais, imaginem os clandestinos! Por onde anda, se é que tem, a adesão aos padrões rígidos de higiene e segurança alimentar? Na verdade, “O grande problema está no abate não inspecionado, o chamado clandestino oficial”. Essa carne, mais barata, normalmente é destinada aos açougues de bairro ou pequenos estabelecimentos populares nas periferias. Até a carne seguir para os pontos de venda, é de praxe que ela seja acompanhada por dois profissionais da área veterinária: o veterinário, responsável pelas condições da estrutura e higiene dos abatedouros e frigoríficos, e o fiscal veterinário, especializado em saúde animal, que acompanha todo o procedimento de abate. Porém, a presença desses profissionais, muitas vezes, aqui na região do Agreste Meridional, é pró-forma. Existe apenas no carimbo deixado por eles mesmos no local. E o que dizer do espaço físico e da estrutura desses matadouros, hein? Daqui, faz-se um apelo a quem de direito e a quem quiser ou a quem interessar possa: Secretário, os abatedouros de animais do Agreste Meridional estão pedindo socorro e em especial, os de Capoeiras e São Bento do Una!
Foto: Matadouro Público de Capoeiras em 2014 quando a construção estava sendo concluída.