Com esta blitz desfechada por STF, PGR e PF, na véspera do feriadão, para prender os amigos do peito do presidente Michel Temer (os que ainda estavam soltos, claro), senti falta dos barulhentos personagens que foram às varandas e às ruas dos bairros chiques das cidades para derrubar a presidente Dilma Rousseff, em nome do “combate à corrupção”, apenas dois anos atrás.
Cadê as paneleiras que não podiam ver a cara de Dilma na TV que já entravam em transe e começavam a gritar palavrões ao lado os filhos nos idos de 2016, quando Romero Jucá já queria “estancar a sangria, com o Supremo, com tudo”, e colocar Temer em seu lugar?
Cadê os patos da Fiesp de Paulo Skaf, que desfilavam pela avenida Paulista?
Cadê as multidões convocadas pelos “movimentos apartidários” tipo MBL e Vem Pra Rua, desfilando com a camisa da CBF para a televisão, carregando faixas e cartazes, xingando Dilma e Lula?
Reina agora o mais absoluto silêncio nas varandas e nas ruas como se a Lava Jato tivesse exterminado a corrupção para sempre. A TV continua com sua programação normal.
Prenderam a quadrilha toda do PMDB denunciada pelo ex-procurador geral Rodrigo Janot, e não se ouve um pio de indignação.
Só Temer escapou até agora, além dos fiéis Eliseu Padilha e Moreira Franco, escorados no foro privilegiado.
Esta semana, discretamente, por ironia do destino também foi denunciado ao STF pela Procuradoria Geral da República o candidato tucano derrotado em 2014 _ o mineirinho Aécio Neves, lembram-se dele?
Foi o primeiro a colocar fogo no circo no dia seguinte à eleição, pedindo recontagem dos votos, “só para encher o saco do PT”, e deu no que deu.
Cadê os adoradores de Eduardo Cunha e todos os heróis daquelas jornadas gloriosas que viabilizaram o golpe parlamentar para combater a corrupção do PT?
Os idiotas do patriotismo seletivo certamente vão dizer que eles eram aliados do PT, como se essa gente não estivesse no poder desde sempre, com qualquer partido.
Com o rabinho entre as pernas, eles viram o ex-capitão Jair Bolsonaro tomar suas bandeiras e seus votos e agora estão sem candidato viável.
Sei não, mas se não encontrarem logo um candidato competitivo para chamar de seu, a fina flor do reacionarismo nacional pode querer melar este jogo.
Com Temer e sua turma da “Ponte para o Futuro” encurralados ou encarcerados e seus candidatos encalhados nas pesquisas, será que voltarão às varandas e às ruas para gritar o quê?
Depois do pato que virou sapo, que bicho vão encontrar para os empresários posarem em frente à Fiesp, com bonecos nas mãos, como colegiais em dia de desfile?
Em nome do medo do “comunismo” e do combate à corrupção (dos outros), as aspirantes a madame e os industriais sem fábricas o que estarão pensando neste momento?
Do jeito que vai, não sobrarão mansões em Miami nem quintas em Portugal para abrigar toda esta gente cheirosa que perdeu a noção e o rumo, mas não a pose.
Vão deixar para trás mais de 13 milhões de desempregados e seus sonhos de viver no Primeiro Mundo sem sair daqui, cercados de seguranças, favelas e moradores de rua por todos os lados.
É tudo muito triste, mas ainda pode piorar. Este buraco que cavaram parece não ter fundo.
Vida que segue.