Cresci na região do Agreste Meridional, entre os municípios de Garanhuns e Caetés, ouvindo as pessoas falarem de, “uma tal” superinflação que atormentava a vida da nossa gente. Tenho medo até hoje, da época em que, se tornava quase “comum” nos noticiários, o relato de brasileiros desesperados que cometiam suicídios, motivados pelo confisco criminoso das contas bancárias, que levou a zero, as suas reservas financeiras. Soa até hoje nos meus ouvidos, que filho de pobre não podia cursar universidade. Na época, isso era bem verdade. Educação era privilégio de poucos. Por um bom tempo, também acreditei que a única alternativa para o nordestino escapar da fome, era deixar a família na região esquecida pelos governos federais, migrar de ônibus clandestino para o Sul do país e se tornar quase escravo dos moradores dos Estados bem servidos pela federação. Assisti por longos anos, as esmolas chegando para a massa de nordestinos, como forma de Frente de Emergência, que mais pareciam os campos de refugiados da era Adolf Hitler. Sofri muito ao ver a miséria assolar essa terra de chão rachado, como a imprensa do eixo: Rio, São Paulo e Minas mostra até hoje, como única realidade da região. Nunca esqueci, que famílias com um pouco mais de condição financeira, não podia nem assistir tevê na sala, porque as pessoas famintas batiam insistentemente a porta, para pedir esmola e um pedaço de pão para amenizar a fome. Doe lembrar, das crianças no sol causticante do Nordeste, quase peladas e de pé no chão, tapando buracos das estradas do Brasil, para ganhar uma moeda e servir muitas vezes de matéria jornalística para a imprensa sulista. Como esquecer, famílias inteiras de miseráveis, a disputar restos de alimentos com os urubus nos lixões para sobreviver?
Esta é a realidade de um Brasil que ficou no passado, e que esse filme de terror, eu não quero ver nuca mais.
Respeito o seu direito de escolha. Respeito a democracia. Mas, humildemente peço, para todos vocês, façam uma reflexão ampla, antes de votar, para escolher o futuro governante do país em que vivemos e amamos.
Wando Pontes
Outubro de 2014