Por Altamir Pinheiro
Acredite se quiser!!! Eli Wallach que viveu durante 98 anos foi um dos atores mais produtivos de Hollywood e se manteve em atividade até completar 90 anos, trabalhando em filmes como "Wall Street: o dinheiro nunca dorme", de 2010.
Em seus mais de 150 papéis, Wallach, trabalhou ao lado de figuras como Michael Douglas, Omar Sharif, Clint Eastwood, John Ford, Clark Gable, John Huston, Sergio Leone, Marilyn Monroe, Al Pacino, Gregory Peck e tantos astros e estrelas daquele famoso club hollywoodyano. Com o diretor Sergio Leone, conseguiu ficar famoso no mundo todo após protagonizar "Três Homens em Conflito", no qual interpretou o bandido mexicano Tuco, que acompanhava Clint Eastwood e Lee Van Cleef, no longa que inaugurou o gênero ‘'spaguetti-western’'.
Eli Wallach foi uma das lendas do faroeste americano. Ao longo de mais de cinco décadas no cinema, Wallach atuou em diversos filmes importantes: O Poderoso Chefão 3, Os Desajustados, Como Roubar um Milhão de Dólares e A Conquista do Oeste foram alguns deles. O ator ficou marcado por personagens interpretados em dois ícones do faroeste: Três Homens em Conflito – 1966 - (Personagem: Tuco, o feio) e Sete Homens e um Destino – 1960 - (Personagem: o bandido Calvera). Embora tenha participado em mais de uma centena de filmes, porém, nunca recebeu uma indicação ao Oscar. Em 2010, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas concedeu um premio honorário ao ator.
O historiador, pesquisador e cinéfilo de filmes faroestes, o paulista Darci Fonseca, escreveu um artigo fenomenal intitulado DOIS HOMENS E UM DESTINO a respeito do excelente ator Eli Wallach e o excepcional diretor Sergio Leone. POIS BEM!!! Não confundam com um dos filmes de maior sucesso da carreira de Eli Wallach que foi “Três Homens em Conflito” (Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo), que deu início à amizade do ator novaiorquino com o diretor Italiano Sergio Leone. Eli chegou a declarar que depois de muito atuar na Broadway, rendeu-se ao personalíssimo ‘Método Leone’ de atuar.
Vamos aos fatos: A amizade perdurou por vários anos e Sergio Leone disse a Eli que tinha um grande projeto em mente que era rodar uma nova trilogia com um dos filmes nos Estados Unidos, ambientado em Nova York. Eli que nascera e crescera no Brooklyn, filho de judeus poloneses, fez questão de ciceronear Leone, levando-o para conhecer a casa onde morara (na Union Street n.º 166), a escola em que estudara e outros locais. Leone fotografou esses lugares e nunca mais esqueceu deles, tanto que o referido filme que se chamou “Era Uma Vez na América” e que viria a ser filmado em 1983 teve muitas de suas externas onde Eli Wallach vivera. Porém Eli não participou desse filme porque ele e Sergio Leone deixaram de ser amigos muito antes, mais exatamente em 1970.
Eli estava na Itália quando recebeu um telefonema de Sergio Leone que queria conversar com ele. No encontro Leone agradeceu ao amigo Eli por este ter ajudado o grande ator Henry Fonda a aceitar atuar em “Era Uma Vez no Oeste”. Quando foi convidado para trabalhar com o diretor italiano, Fonda nunca havia ouvido falar de Leone uma vez que a famosa trilogia com Clint Eastwood só foi exibida nos Estados Unidos em 1967. Henry Fonda procurou Eli Wallach e lhe perguntou sobre Leone. Eli disse maravilhas do amigo italiano, afirmando que Fonda não se arrependeria de ser dirigido por ele.
Daí, Leone então falou a Eli sobre seu novo filme que se chamaria “Giù La Testa”, dizendo a ele que o papel principal do personagem ‘’Juan Miranda’ ’seria dele. Durante toda a conversa Leone se referia a esse western como "O nosso filme”. Eli então lembrou a Sergio que ele já havia assumido um compromisso para trabalhar num filme ao lado de Jean-Paul Belmondo. Leone retrucou dizendo que "O nosso filme" “Giù la Testa” seria muito mais importante, produzido pela United Artists, com distribuição no mundo todo e com grande campanha publicitária, isto porque o nome de Leone vinha sendo tão aclamado quanto o de Federico Fellini.
Eli Wallach então rompeu o contrato que havia assumido com o produtor francês para o filme com Belmondo. Quando Eli falou novamente com Leone, por telefone, sobre o início das filmagens, o diretor disse ao ator que a United Artists havia bancado a maior parte do dinheiro para o filme, tornando-se o estúdio sócio majoritário na produção. Leone prosseguiu dizendo que quando apresentou o elenco com o nome de Eli Wallach no papel principal, os executivos da United Artists disseram que Leone teria que utilizar Rod Steiger para interpretar ‘'Juan Miranda'’.
Na verdade, Steiger, o ator que veio a barrar Eli wallach devia um filme para a United Artists de um contrato ainda em vigência. Leone tentou explicar que insistiu com o nome de ELI WALLACH mas que a United Artists estava irredutível, ainda mais porque Rod Steiger era um nome mais forte nas bilheterias e havia ganhado um Oscar dois anos antes com "No Calor da Noite". Eli Wallach então disse a Leone que o diretor lhe devia uma compensação financeira pois ele acabara perdendo dois trabalhos. Leone respondeu que não poderia fazer nada quanto a isso e Eli então foi taxativo: "Sergio, vou processar você!!!" Leone bateu o telefone e eles nunca mais voltaram a se falar.
Eis o que disse o analista cinematográfico, Jurandir Lima, sob este delicado episódio entre os dois homens em conflito por questões contratuais: ‘’Eli Wallach se sentiu golpeado com a novidade que o Leone lhe trouxe. Foi uma pancada sim, porém o fato, olhado pelo lado do Wallach, poderia ser absorvido de maneira menos drástica, já que o diretor estava nas mãos do Estúdio e nada poderia ter feito contra a determinação de tamanha força.
Romper uma relação de anos por algo que um homem sozinho não teria poder para alterar foi, no minimo, uma insensatez. Com todo o respeito e valor que dou ao Wallach por ser o ator que é. Ademais, o personagem Tuco, que nasceu do diretor Leone e deu mais velocidade a carreira de Wallach, foi um premio para o ator, que ficou internacionalmente muito mais famoso e, com isto, angariou muitos novos trabalhos’’...
Lamentando-se de todo o acontecido ou do trato rompido entre os dois, os fãs de Wallach são da opinião que, Leone poderia ter feito mais força para que os executivos da United aceitassem Eli Wallach no lugar de Steiger. Ele possuía personalidade e prestígio para tanto. Mas... Fazer o quê?!?!?! Agora, para os fãs de faroestes Eli Wallach será sempre o brilhante ator que interpretou os inesquecíveis bandidos de "Sete Homens e Um Destino" e "Três Homens em Conflito". Parabéns, Eli '’Tuco-Calvera’' Wallach!!!
Logo abaixo, assista ao vídeo de apenas 6 minutos do final de “Três Homens em Conflito” da cena impecável pelo suspense, pela música, pelos atores e pelo cenário, donde, espetacular duelo, você se sente o quarto na ação, pois tamanha é à tenção dessa obra de arte. Essa belíssima e perfeita cena está entre um dos maiores momentos da história das películas cinematográficas da modalidade faroeste.