Após um mês frenético de transição (ou será transação?), já dá para ver como será a cara do novo governo.
Fora os superministros Paulo Guedes e Sergio Moro, que correm em raia própria, sem dar bola para o capitão, o que resultou até agora foi um ministério que, com boa vontade, pode ser chamado de escalafobético.
Ali se misturam generais de pijama; parlamentares do velho DEM (ex-Arena); refugos do governo Temer; os pentecostais, pistoleiros e latifundiários das bancadas BBB (boi, bala e bíblia); ultra neoliberais do Posto Ipiranga, um ex-juiz no papel de xerife e os ministros indicados pelo guru aloprado Olavo de Carvalho, o “filósofo” caçador de ursos e grande mentor da nova ordem.
Com este zoológico ministerial, que remonta a tempos imemoriais, não deveria espantar ninguém que o capitão reformado aos 33 anos, agora eleito presidente da República, bata continência ao receber em sua casa, logo cedo, na manhã desta quinta-feira, no bunker da Barra da Tijuca, um assessor de Donald Trump, John Bolton, conhecido como “senhor da guerra”.
Esta semana, seu filho Eduardo, deputado e escrivão de polícia, autonomeado embaixador plenipotenciário do país nos Estados Unidos, já tinha posado fagueiro e feliz, em Washington, com um boné de Trump 2020. Qual é a surpresa?
Brasil acima de tudo e Deus acima de todos? Pois, sim…
Que Brasil é esse em que um governo se humilha desse jeito antes mesmo de tomar posse?
O deslumbramento do herdeiro deputado em seu périplo pela matriz é a síntese, o retrato acabado de um governo disposto a fazer do Brasil novamente simples colônia, um pária global.
Ao desistir de sediar a Conferência do Clima, marcada para o próximo ano no Brasil, e abrir baterias contra o Acordo de Paris, Bolsonaro já escancarou sua submissão ao império trumpiano.