Por Roberto Almeida
O Blog Ponto de Vista divulgou matéria hoje dizendo que a ex-prefeita Neide Reino despejou ódio no áudio enviado à Débora Almeida, que governou São Bento do Una durante oito anos.
Blogueiro repete a palavra ódio no texto, afirma que Neide não digeriu o apoio à Celina de Dudu afirma que a ex-prefeita de Capoeiras desdenhou da profissão de Débora, que é procuradora federal.
Não tenho contato com Neide Reino nem procuração para defendê-la. Este blog foi o primeiro a divulgar o áudio da ex-prefeita na íntegra. Antes estava apenas nos grupos de WhatsApp. Mas a matéria do Ponto de Vista parece coisa de encomenda.
O jornalista recifense chega a considerar a postura da política de Capoeiras execrável, digna de repúdio.
Na minha visão, Neide Reino se sentiu traída por Débora Almeida, por quem tinha grande amizade.
Pelo que estou informado as duas mulheres, quando eram prefeitas de São Bento do Una e Capoeiras, tinham grande afinidade. As duas inclusive eram filiadas ao mesmo partido, o PSB.
Viajaram juntas muitas vezes para Brasília e Recife. Pareciam, mais do que parceiras na política, amigas de verdade.
Débora este ano saiu do PSB para se filiar ao PP, pretendendo disputar o mandato de deputada estadual.
Quando veio a campanha para a eleição suplementar em Capoeiras, Débora Almeida surpreendeu muita gente ao anunciar seu apoio à Celina de Dudu.
Tudo indica que até hoje Neide nunca conseguiu entender e ficou magoada com a amiga.
Débora e o pai, Zé Almeida, duas adesões importantes para o grupo de Dudu, foram com tudo para a campanha de Capoeiras. Estiveram presentes fisicamente, a ex-prefeita de São Bento do Una fez até porta a porta em alguns lugares, como a vila da Maniçoba, que fica na divisa dos dois municípios.
Neide com a prefeitura na mão perdeu a eleição de 2020 pra Dudu. Como ele não pôde assumir, o T.R.E. marcou uma nova eleição, que aconteceu no último dia três de outubro.
Campanha acirrada, difícil, alguns previam que seria decidida como a do ano passado, por 200 votos.
Quando foi anunciada a adesão de Zé Almeida e filha à oposição foi uma ducha de água fria na campanha do PSB.
Mas Nêgo e seus aliados se recuperam do baque, num trabalho de formiguinha conquistaram os eleitores de Batata e Felipe Vieira, trouxeram lideranças que estiveram com Dudu o ano passado e assim reverteram o peso da adesão do ex-vereador José Nielson, de Débora e Zé Almeida.
Com a vitória por uma diferença de 625 votos, revertendo mais de 800 votos de uma campanha para outra, Neide certamente se sentiu de alma lavada e resolveu dar um recado para a amiga.
O que estava entalado saiu de uma vez, num áudio em que falou mais de cinco minutos.
Foi dura, impiedosa, mordaz. Porém sincera e muito corajosa.
Não concordo que tenha sido “execrável”, digna de repúdio, como defende o Ponto de Vista.
Isso se chama política. Não se pratica essa atividade usando luvas de pelica, se acovardando, calando quando o momento é de falar.
Escrevo com a autoridade de quem fez oposição ao grupo de Neném – sim, mesmo sendo jornalista me posiciono, nunca na minha vida fiquei em cima do muro – durante 20 anos e 10 meses.
Neide desabafou porque teve suas razões. Bateu pesado, é verdade, mas usando palavras precisas e que provavelmente saíram do coração e são verdadeiras.
Eu, que nunca votei nela, admirei a lição de moral dada na amiga, ou que ela julgava amiga.
Não tenho absolutamente nada contra a ex-prefeita de São Bento do Una. Seu pai, José Almeida, é de Mulungu, distrito de Sanharó.
Meu pai, Euclides Almeida, também nasceu na vila de Mulungu, que à época pertencia a São Bento.
Devemos ser parentes, pois em Mulungu todos os Almeida são uma só família.
Talvez ela não queira descobrir esse parentesco porque ela e o pai são ricos e eu não, pelo menos de dinheiro.
E ela é procuradora e eu sou só um jornalista. Tenho um irmão desembargador, é mais que procurador. Mas é meu irmão, não sou eu, que vivo duramente do ato de escrever.