O ex-presidente Lula parece estar reavaliando a ideia de que a candidatura de Eduardo Campos não tem volta ou ao menos que seria difícil de ser revertida. Nesta quinta-feira 9, durante conversa com a presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada, o cacique petista afirmou ainda considerar a hipótese de desistência do governador de Pernambuco a uma disputa contra Dilma ao Planalto em 2014.
A tese tem como base o ligeiro sumiço de Eduardo Campos após meses de duras críticas ao governo federal, em seus discursos pelo Brasil e especialmente no programa partidário do PSB, pelo qual o presidente nacional da legenda diz que é hora de avançar e ser possível "fazer mais" pelo País. Em declarações à imprensa e durante o feriado do 1º de Maio, Campos fez críticas à forma como o governo vem tratando a inflação.
"A gente tem que ter cuidado, não adianta esconder os problemas", disse o presidenciável. "Temos como grande conquista da nação brasileira pôr fim à inflação, mas ainda tem muita coisa indexada. Com inflação, os ricos e as instituições financeiras conseguem conservar seu patrimônio. Mas quem vive de salário, aposentadoria e biscate não consegue", acrescentou Campos, criticando o uso eleitoreiro do assunto.
Depois de discursos duros, no entanto, o pernambucano deu uma trégua, levando o PT a acreditar que o PSB, ao invés de se tornar rival no ano que vem, possa se manter na base do governo, onde tem cargos de importância, como os ministérios da Integração Nacional e dos Portos. Se o que Lula expôs na reunião de ontem for confirmado na prática, a cobrança de petistas – e alguns pessebistas – para que o partido entregue os cargos e saia da base aliada deve perder força.
Contraponto
Por outro lado, Campos não concorda que tenha mudado de postura e nega que tenha havido qualquer pressão do ex-presidente sobre seu comportamento. "Estou fazendo o que sempre fiz, não houve esse apelo de Lula. O que estou fazendo aqui é uma rotina de trabalho, absolutamente coerente com o que venho dizendo, que 2013 é de trabalho e que discutir eleição agora não resolve nada", disse o governador a jornalistas nesta quinta-feira no município de Arcoverde, Sertão do Estado.
Ele afirma ainda que não parou com a agenda nacional, e que ela não teve início agora. "Eu tenho agenda nacional desde o começo devido ao meu cargo de direção no partido e como governador. Eu tenho que buscar investimentos em outras praças". Segundo ele, as articulações que fez foram importantes para o Estado. "Se eu tivesse ficado dando milho aos pombos na praça, com certeza não teria atraído os recursos que consegui".
Fonte: Brasil247/Pernambuco