Por Altamir Pinheiro
Em sua carreira, Simonal gravou 36 discos. O último, "Brasil", foi lançado em 94. Ele Chegou aonde nenhum outro negro de sua época havia chegado. Estava ali, pau a pau com Pelé, de quem ficou amigo e com quem conviveu durante os meses que antecederam a Copa do Mundo de 1970. Ele foi o maior cantor de seu tempo. Rivalizava com Roberto Carlos em número de discos vendidos e de fãs. influenciado uma geração de cantores e compositores, entre os quais Jorge Ben, que Simonal elevara a um novo patamar com o sucesso de “País Tropical”, e Caetano Veloso, que transformara um bordão frequentemente repetido por Simonal em título de uma de suas canções mais famosas: “Alegria, Alegria“.
Em um episódio bastante obscuro, Simonal foi acusado de dedurar o próprio contador e contribuir para sua prisão ilegal — e, portanto, para os maus tratos a que foi submetido no cárcere —, Simonal já era tachado de alienado, ou adesista, ou conivente com o regime, pelo simples fato de continuar fazendo sua pilantragem num momento de polarização política que obrigava os artistas a também protestar. Os boatos de que outros artistas tidos como subversivos teriam sido denunciados à polícia por Simonal contribuíram para tornar sua carreira errática e lançá-lo ao ostracismo.
Na verdade, Simonal teve om final muito triste para quem conheceu a fama em sua plenitude. Vítima dos comunistas que fizeram calúnia contra ele. Aliás, o que era bem comum na época. A esquerda é cruel e maligna, acabou com a vida do cara, e na época não tinha internet para ele mostrar a verdade. Resultado: infelizmente foi abafado e esquecido. Foi execrado e ostracizado pela própria classe artística dita "progressista" da época, perseguido pela polícia do pensamento do eixo máfia do DENDÊ/LEBLON.
Essa turma está aí, juntos são os mesmos que hoje continuam ostracizando e perseguindo com a ditadura do politicamente correto e do pensamento único, os hipócritas não mudaram nada. Acabaram com a carreira de um dos mais carismáticos e talentosos artistas do Brasil, um monstro dos palcos, entrava e dominava a plateia com maestria ímpar. Simonal, apesar de financeiramente equilibrado, morreu precocemente angustiado, amargurado, desgostoso. Por excesso de bebida alcoólica encantou-se precocemente e a causa mortis foi cirrose.
Além dos artistas, os que militam no campo progressista, como também muitos jornalistas ainda hoje escrevem acusando Wilson Simonal de “informante” do Dops. Porém, como protesta o melhor jornalista do país, na atualidade, Reinaldo Azevedo, quando teima em indagar: como é que um repórter e uma edição podem tascar em alguém a pecha de “informante”, de dedo-duro, sem dizer, afinal de contas, quem foi que ele dedurou? E DIZ MAIS: As fontes ligadas à ditadura nunca serviram de referência para desabonar esquerdistas, mas servem quando se trata de demonizar um artista tido como “direitista”? Quem Simonal dedurou? Eu quero saber. Ele era informante do meio musical? O QUE FOI QUE SIMONAL DENUNCIOU? – alguma metáfora revolucionária de Chico Buarque?; – alguma ousadia comportamental de Caetano Veloso?; – alguma marchinha secreta e cafona de Geraldo Vandré?
A propósito, segundo o jornal Folha de São Paulo escreveu no dia de sua morte (25 de junho de 2000), Geraldo Vandré, hoje com 85 anos de idade, que na década de 60 estava ideologicamente no lado oposto ao de Simonal, visitou o cantor e ficou com ele por um bom tempo, conversando no leito da cama em que ele estava enfermo. Outra coisa: Assistam ao filme Wilson Simonal – NINGUÉM SABE O DURO QUE DEI. Agora, ele faz ainda mais sentido do que antes. Tivesse Simonal pertencido à VAR-Palmares ou ao MR-8, assaltado bancos, feito sequestro e matado alguns, sua família estaria agora recebendo pensão e indenização. Se tivesse sobrevivido, seria ministro de Estado. E tocar no seu passado seria de extremo mau gosto. Repetindo: A ESQUERDA NÃO ANISTIA NEM PERDOA. SE PRECISO, MATA OUTRA VEZ...