Em um jardim que nada se parece com as capoeiras, aquelas capoeiras citadas por um frade italiano nascido em Bozzano, em 5 de novembro de 1898, e entregue ao fim de sua obra em 31 de maio de 1997, um frade capuchinho.
Capoeiras, e muito bem descrita por um autor de um único livro que poucos conhecem, e talvez nem conheceram, do livro a capa já se perdeu, mas, não a história, sobre as histórias destas capoeiras, que em obra de outras épocas viveu sua saga de suor e sangue, capoeiras que se fizeram corporeidade, de mato a cidade, ainda que de pequeno porte, que sonha desde o seu nascimento com o dia que crescerá e virará cidade de médio porte, coisa de cidade pequena, e que um dia terá pouco mais que 20.000 habitantes.
De tempos em tempos sempre brotam pequenos botões que florescem onde há uma luz ou apenas um raio de sol, mas este ano talvez não. Não sei se o que aconteceu com a boa terra, aquelas que deram origem a tantas fazendas e tantas famílias de renome, onde está a água que por vezes brotou na nascente do Rio Una, apenas o sol, o pai cruel, que sempre castigou o bom e crente nordestino.
Me parece que, o que falta mesmo é terra para o nosso querido povo pisar, um povo que sempre se colocou sem chão, e onde pisava já tinha dono, água, só aquela de boa vontade das barragens dos Senhores Coronéis do Sertão, que se fizeram respeito e medo, e a luz, essa sim parece que há muito tempo já não chega, lembro dos bons tempos do homem que fazia a Besta Fera tremer ao ouvir seu nome, como sempre rezou a lenda, na divisa de Zé de Sinhozinho com Capoeiras, não sei se era verdade, mas também nunca vi a Besta Fera para desmentir.
Uma pena que da Capoeiras, pouca vida floresce, de mato ao eu mato, seiva vira sangue, o suor cai nos olhos, e estes choram a dor da perda, e é em dor que precisam levantar e ir para mais um dia de duro trabalho, vida que se extingue a cada dia, e um dia em vez de chuva de trovoada, o céu irá chorar por este povo que sempre calejou suas mãos do trabalho e seus joelhos das promessas, povo calejado ao ponto de um dia poder vir a ser uma rocha, sem sentimentos por seus pais, filhos e vizinhos.
Espero que este dia esteja muito longe ou que eu esteja errado, o que vier primeiro.
Talvez um dia do choro do próprio céu venha nascer o choro de lamento de tudo que se perdeu nestas terras de grãos a vidas, espero um sorriso nestas terras de bons homens, de boas famílias, de bons frutos, de um bom queijo que só se acho em Capoeiras, e da boa carne do rebanho que engorda na medida certa, terra de homens de bom coração, que há muito tempo já não usa a faca para tirar vida, faca aqui, só para cortar a carne que alimenta os nossos filhos.
Capoeiras das capoeiras. Um lugar que desde sua origem fez nascer do lombo dos jumentos e do nada uma pequena luz de esperança, a mesma esperança que de todos os males humanos, ainda é a única que nos resta.
Arthur Schopenhauer
"Este texto é um cometário feito em uma postagem recente aqui no Blog. Não sei se este é o nome do autor ou um pseudônimo. O texto pareceu-me interessante, então resolvi publica-lo aqui. Foto: vista parcial da cidade a partir da serra do Quati".