"Vale a pena ler este texto escrito e publicado pelo jornalista Roberto Almeida, no seu blog".
O programa Bolsa Família é mais do que parece. Os que o consideram um mero projeto assistencialista, uma "esmola que vicia o cidadão", estão enganados. Vamos citar o exemplo de Capoeiras, porque recebemos dados do município que merecem ser citados, mas temos certeza que em muitas cidades nordestinas ou mesmo do Centro Sul as coisas funcionam de maneira semelhante, com ganhos para a população de baixa renda.
Em Capoeiras o Bolsa Família é a segunda empresa da cidade depois da Prefeitura. Movimenta na economia local R$ 438.190,00 por mês. Contempla 3.471 famílias, cada uma delas com uma média de quatro a seis pessoas em casa. Com o incremento do "Brasil Carinhoso", que reforçou o programa a partir deste mês, existem beneficiários tirando R$ 480 por mês. Hoje o menor valor pago é de R$ 70 por pessoa (R$ 32 no caso de crianças)
Quem está inscrito no programa do Governo Federal faz parte do Cadastro Único. Com isso qualquer pessoa de uma família beneficiada pode ter telefone fixo em casa pagando apenas R$ 13,00 por mês. Quando for tirar carteira de habilitação não paga nada. Caso um jovem beneficiado pelo Bolsa Família termine o segundo grau será isento de pagar a taxa do Vestibular. Também tem tarifa social para água e energia, pagando as contas com um generoso desconto.
Luiz Roldão, coordenador do Bolsa Família em Capoeiras, que lida com o projeto do Governo há quase 10 anos, tendo trabalhado em outras cidades, acredita que a melhor coisa feita no Brasil, para beneficiar os mais pobres, foi a criação desse programa. Ele lembra que tudo começou com Fernando Henrique Cardoso, porém foi o ex-presidente Lula que ampliou e consolidou a proposta.
Essa visão de que a distribuição de dinheiro do Governo com os mais necessitados acomoda e vicia não corresponde à realidade, segundo Roldão.
Ele enfatiza que o dinheiro circula na economia chegando aos mercados, as farmácias, padarias, livrarias, papelarias, lanchonetes, pequenos hoteis, lojas de roupa e sapato, nas feiras, nos ônibus e transportes alternativos.
Muitos, informa Luiz Roldão, por conta do Bolsa Família conseguiram colocar os filhos para estudar. Alguns garotos e moças pobres conseguiram chegar à Universidade. Tem o caso de pais que iniciaram um pequeno negócio e hoje estão bem estabelecidos, deixaram o programa e a vaga foi ocupada por outros mais necessitados. "Em Capoeiras todos os cursos promovidos pela Secretaria de Ação Social priorizam os inscritos no programa", acrescenta Luiz.
Bem administrado, o programa ajuda na economia de qualquer cidade. Em Capoeiras até 2008 eram 2.747 os inscritos no projeto. Mais de 600 famílias não inscritas conseguiram seu cadastro na gestão atual. O mais importante, opina Roldão, foi fazer o recadastramento. Com essa medida saíram da relação de beneficiários fazendeiros, cabos eleitorais de vereadores e 58 mortos. Hoje só estão recebendo o benefício pessoas que realmente precisam, sem fantasmas no meio.
Não é à toa que o Programa Social ampliado por Lula e Dilma tem reconhecimento internacional. Quem tem uma boa casa, carro, plano de saúde, comida farta e roupas de grife não sabe nada de pobre. Não tem ideia do que é passar necessidade. O Brasil está acabando com os miseráveis por conta dos seus projetos na área social. Quem sabe um dia não precisaremos mais do Bolsa Família?
Outro dia um rapaz de classe média alta, em Recife, numa jantar em família, saiu-se com esta pérola: "A cidade está insuportável. Todo pobre agora pode ter carro e a culpa é do enganador do Lula". Tem gente que pensa assim e vai para a igreja rezar convencido de que é um bom cristão. São pessoas assim que torcem o nariz para a inclusão social e não toleram a ascensão das classes D e E. Mereciam viver com o Bolsa Família para aprender um pouco. Que sabe lembrariam das lições de Jesus e São Francisco de Assis, os dois profundamente revolucionários em sua condenação à riqueza e na defesa de se dividir o pão.