Por Altamir Pinheiro
“Eu vivo procurando em tudo quanto é lugar...
Nos bares, nas igrejas eu tentei encontrar...
Nos becos nas esquinas, na lama e no pó...
Até no bolso do meu palitó...
Eu sei que essa coisa que eu tenho que achar...
Talvez tão perto que a mão não possa tocar ...
Quem sabe, uma gilete talvez no coração...
Olhei até debaixo do meu colchão.”
O nome dessa música é PARANOIA, e revela algo muito interessante sobre o Raul, ele nasceu com um propósito muito especial, como ele mesmo se intitulava do MENSAGEIRO DO APOCALIPSE, ele tinha um chamado de DEUS para fazer uma grande revolução espiritual no mundo. Uma renovação entre as religiões superficiais do mundo, assim como foi Martinho Lutero, que revolucionou o protestantismo. Paranoia fala sobre masturbação e o medo de estar cometendo um pecado. "Minha mãe me disse a tempo atrás aonde você for Deus vai atrás... Deus vê sempre tudo o que você faz... Vacilava sempre a ficar nu lá no chuveiro com vergonha... com vergonha de saber que tinha alguém ali comigo vendo fazer tudo o que se faz dentro de um banheiro". Quando ele compôs a sequência que foi PARANOIA II, sutilmente ele se refere à droga. Principalmente, sobre o desespero e agonia o qual uma mulher pode levar um homem. Sobre o trecho "O QUE EU PROCURO VOCÊ ESCONDEU NA BARRIGA, NÃO QUER ME ENTREGAR" pode ser uma referência a drogas que a esposa de Raul teria escondido dele.
Quanto à explicação da música GITA, ela foi inspirada do livro BHAGAVAD GITA, um livro indiano que na verdade, ninguém sabe quem realmente escreveu, é um dos livros mais antigo da humanidade, como a Bíblia. Bhagavad Gita é para os indianos como é a Bíblia para os cristãos. Esse livro fala da história da revelação do todo, do absoluto, do que é a vida, do que é Deus, o que seria a revelação da grande resposta. Quando a música Gita, do Raul, diz: EU SOU ISSO, EU SOU AQUILO, não está falando do Raul Seixas, de maneira nenhuma, está falando de cada um de nós. Ou seja, do nosso espírito, cada um é a sua própria estrela, luz ou treva, céu ou abismo.
Eu SOU, eu FUI, eu VOU. Eu sou o seu sacrifício, a placa de contra mão...
O sangue no olhar do vampiro...
E as juras de maldição...
Eu sou a vela que ascende...
Eu sou a luz que se apaga...
Eu sou à beira do abismo...
Eu sou o Tudo e o Nada...
O que significa Krig-ha Bandolo?!?!?! Este foi seu primeiro LP, pois se trata, segundo ele, do grito de Tarzan indicando que os inimigos estão chegando...
E o que é o Novo Aeon?!?!?! Um AEON é uma era, ou 2.148 anos, tempo necessário para que o eixo da terra complete uma volta completa (360 graus) em seu movimento de pião. A cada vez que isso ocorre geram-se mudanças na humanidade. O Novo Aeon é a nova era que está por vir, a Era de Aquário, que deverá ter início. Liricamente o Novo Aeon representa mudança (assim como o Velho Aeon representa o que está para ser superado). É como o Trem das Sete que representa MUDANÇA...
Eis o significado da música As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor - Raul critica o status-quo e fala sobre a necessidade de fazer uma "aliança estratégica" com o sistema (o Monstro Sist) para poder enfrentá-lo. "QUANDO SE QUER ENTRAR NUM BURACO DE RATO DE RATO VOCÊ TEM QUE TRANSAR".
Já O Carimbador Maluco faz parte do musical infantil Pluct Plact Zumm da Rede Globo e motivo de muitas críticas a Raul que teria se vendido ao sistema com uma música imbecil. Os mais inteligentes percebem a pesada crítica à burocracia do governo que teima em selar, registrar, carimbar, avaliar, rotular, adiando e atrapalhando todo tipo de atividade. É também uma referência ao texto do anarquista Proudon que diz "Ser governado é ser a cada operação... notado, registrado, recenseado, tarifado, selado, medido, cotado, avaliado, patenteado, autorizado, rotulado".
A composição intitulada A LEI é uma das referências mais claras a Aleister Crowley na obra de Raul. O Livro da Lei é a principal obra de Crowley e a maior parte da letra são trechos deste livro.
A irreverente e também reflexiva Cowboy Fora da Lei, nos passa uma mensagem, quem sabe uma Maneira comportamental ou modo de proceder e o peso da responsabilidade de ser um ícone, bem como os riscos de vida do mesmo. "Mamãe não quero ser prefeito, pode ser que eu seja eleito, e alguém possa querer me assassinar...(...)... "Papai não quero provar nada, eu já servi a pátria amada, e todo mundo cobra minha luz... minha luz... ó coitado, foi tão cedo, deus me livre eu tenho medo, morrer dependurado numa cruz..."
Em Cambalache, há uma crítica óbvia, direta e revoltada a todos os males que assolam o mundo criados pelo ser humano desde longa data, além da falta de esperança no futuro. "Que mundo foi e será uma porcaria eu já sei, em 506, e em 2000 também, que sempre houve ladrões maquiavélicos safados, contentes e frustrados, valores, confusão..."
Música que ele se esbalda e toca fogo no circo é em Ouro de Tolo, que é uma crítica severa à sociedade hipócrita, capitalista, materialista e cheia de si. A qual Raul fazia questão de ridicularizar. Nota-se grande semelhança com o “estilo folk” do morte americano Bob Dylan.
Alucinadamente ele também compôs: QUANDO ACABAR O MALUCO SOU EU - sobre como o mundo pode considerar normal as pessoas se matarem, fazerem tramoias e maracutaias políticas, traírem a si mesmas, guerrearem, culminarem no apocalipse, aceitarem a censura e considerar insanidade ser simplesmente excêntrico e afrontar o sistema.
A longa música "PEDRO" é uma simbologia que representa um diálogo entre a mente INCONSCIENTE e a mente CONSCIENTE. Ou a parte mental conversando com o corpo físico que sente na própria pele todo impacto dos impulsos provocado pelo espírito. Então a partir desse pressuposto, fica mais fácil do amigo leitor entender o que Raul Seixas está dizendo com a música “Pedro”.
--Quantas vezes Pedro você fala / Sempre a se queixar da solidão...
(Explicação: quase sempre o ser humano se sente só. mesmo estando no meio de uma
multidão);
--Quem te fez com ferro fez com fogo / Pena que você não sabe não...
(Explicação: as escrituras sagradas revelam que Deus criou o homem já sabendo o que o seu espírito era rebelde, e sua testa semelhante ao bronze e em seu pescoço havia um nervo tão duro que era semelhante ao ferro. o bode tem a testa tão dura que é capaz de derrubar um boi com uma testada. o bode também é símbolo da rebeldia do próprio satanás).
--Vai pro seu trabalho todo dia
Sem saber se é bom ou se é ruim
Quando quer chorar vai ao banheiro,
Pedro as coisas não são bem assim.
(Explicação: as pessoas vivem como robôs).
--Toda vez que eu sinto o paraíso
Ou me queimo torto no inferno
Eu penso em você meu pobre amigo
Que só usa sempre o mesmo terno
(Explicação: isso quer dizer se a pessoa sente o paraíso ou seja, está feliz, tudo está certo em sua vida, ou ela se queima no inferno, quando tudo dá errado, diz a letra: “eu penso em você meu pobre amigo que só usa sempre o mesmo terno”. esse mesmo terno que Pedro está sempre usando é o seu corpo físico, de carne e osso, ”PEDRO” é o consciente, a mente de cada um, e o “TERNO” é o corpo que sente todo baque das atitudes não pensadas.
--PEDRO ONDE SÊ VAI EU TAMBÉM VÔ(VOU)
(Explicação: onde Pedro vai, diz a letra da música eu também vô; onde o corpo da pessoa vai o seu espírito vai também é lógico, mas, tudo acaba onde começou, a jornada do espírito humano teve início na forma espiritual, e um dia vai acabar voltando para a mesma forma como começou. mas tudo acaba onde começou...
--Tente-me ensinar das tuas coisas / Que a vida é séria e a guerra é dura...
(Explicação: aqui o espírito no inconsciente da pessoa diz: “tente me ensinar das tuas coisas”. que coisas são essas?!?!?! As coisas do mundo animal, físico, material. Aí o espírito diz: mas, se não poder, cale essa boca e deixa eu viver minha loucura... o espírito do homem segundo a bíblia é malquisto, perverso, torto e louco. muitas pessoas, sente que precisam ser diferentes e começam a participar de certas religiões, tentando doutrinar o seu pobre espírito, mas, por aquela religião ser superficial, ela acaba cedo ou tarde cedendo aos caprichos do seu espírito torto. isso é calar a boca e deixar o espírito viver a sua loucura. mas se não puder cale essa boca, Pedro... E deixa eu viver minha loucura...
--Lembro Pedro aqueles velhos dias / Quando os dois pensavam sobre o mundo...
(Explicação: nesse verso, o espírito está dizendo que se lembra de quando conversava com Pedro, a respeito do mundo, os planos, os sonhos a ser realizados, porém, quando Pedro que é a mente consciente amadurece, não tem mais coragem de fazer as mesmas loucuras da juventude, aí o espírito diz: hoje eu te chamo de careta, e Pedro não quer ser mais um perdido, vagante na vida, um vagabundo. hoje eu te chamo de CARETA e você me chama VAGABUNDO;
--Todos os caminhos são iguais / O que leva a glória ou a perdição...
(Explicação: na vida existem muitos caminhos, tantas portas, tantas religiões, mas só existe um caminho que possui um coração, e esse caminho se chama Jesus Cristo, ele mesmo disse: “eu sou o caminho, a verdade e a vida, dentro do peito de Jesus bate um coração cheio de amor pelos espíritos da humanidade perdida.” há tantos caminhos tantas portas, mas somente um tem coração (JESUS CRISTO).
E eu não tenho nada a ti dizer
Mas não me critique como eu sou
Cada um de nós é um universo, Pedro
Onde você vai eu também vô...