Do: Brasil247/Pernambuco
Uma suposta candidatura do ex-presidente Lula seria "tiro no pé" e "atestado de incompetência política", na opinião do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. As declarações estão na coluna de Jorge Bastos Moreno, d´O Globo, neste sábado 20. O presidente do PSB teria afirmado ao conterrâneo que a candidatura do petista "já nasceria com esse fardo".
A dúvida, caso o PT decidisse colocar Lula no lugar de Dilma em 2014, é sobre o discurso a ser usado para justificar tal escolha. Afinal, a indicação do ex-presidente para seu sucessor - no caso, sucessora - não teria dado certo?
Na avaliação do colunista Luiz Carlos Azedo, do Correio Braziliense, a "burrice" ou a "ingenuidade" da ideia - nas palavras de Lula - estaria "no açodamento da proposta". Diz ele: "A volta de Lula contra a vontade de Dilma seria um deus nos acuda. Sem chance de dar certo".
Leia abaixo trecho da coluna de Jorge Bastos Moreno sobre as declarações de Campos:
CAMPOS: 'VOLTA, LULA' É FARDO - Nhenhenhém
Eduardo Campos lembrou a Lula que o processo eleitoral de 2014 começa agora em setembro, quando se esgota o prazo para mudança de partido.
Aí então, Campos já saberá onde terá palanques para as eleições presidenciais. Se tiver um número mínimo de dez estados, ele se sentirá confortável para definir sua candidatura. Mas só a anunciará em janeiro, no Congresso do PSB.
Sem rodeios, mas com elegância, o governador acusou o ex-presidente de ter antecipado em um ano o debate sucessório quando lançou a reeleição da Dilma.
— Você sabe por que eu fiz isso. Foi para conter o movimento interno do "Volta, Lula" no momento em que a Dilma estava bem nas pesquisas. Mas, agora, com a queda de popularidade, o movimento cresceu.
Mesmo percebendo que a conversa caminhava para a reafirmação do apoio a Dilma, Campos exorcizou:
— É tiro no pé, atestado de incompetência política. Sua candidatura já nasceria com esse fardo, presidente.
Sem saída
O governador, em dialeto pernambucano, falou ao conterrâneo do "desmantelo" que provocaria uma suposta desistência sua.
Com outras palavras, disse que, se a Dilma for para o segundo turno, o PT vai precisar dele. Se for ele para o segundo, o PT vai precisar dele ainda mais, para preservação e aperfeiçoamento do projeto de governo do campo progressista a que pertencem os dois partidos.
E a análise de Luiz Carlos Azedo no Correio Braziliense:
O "Volta, Lula!"
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera "burrice" ou "ingenuidade" a campanha interna de petistas descontentes com a presidente Dilma Rousseff no sentido de que ele volte a concorrer à Presidência da República. Também desencoraja os aliados dos demais partidos que o procuram. Mesmo assim, o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), seu maior amigo na Câmara, não desiste. Por quê?
Aparentemente, Devanir está cheio de razão. A pesquisa Ibope divulgada na quinta-feira mostrou que o PT teria muito mais facilidade para vencer as eleições com a candidatura de Lula do que com a de Dilma, que tem 30% das intenções de voto, contra 22% de Marina Silva (Rede Sustentabilidade), 13% de Aécio Neves (PSDB) e 5% de Eduardo Campos (PSB). Lula teria 41% e os adversários ficariam, respectivamente, com 18%, 12% e 3%. A vantagem de Dilma contra Marina Silva, portanto, seria de apenas 8%, ao passo que a de Lula seria de 23%.
Onde estaria, então, a "burrice" ou a "ingenuidade" de petistas como Devanir? No açodamento da proposta, com toda certeza. Por mais que a oposição pense o contrário, Dilma ainda não virou uma pata manca, para usar o velho jargão norte-americano. Com inflação em queda, se a economia mantiver o nível de emprego, terá condições de sustentar o favoritismo. Além disso, exerce o poder com muita gana. E o governo, como lembrava o mestre Norberto Bobbio, é a forma mais concentrada de poder, quando nada porque arrecada, normatiza e coage. A volta de Lula contra a vontade de Dilma seria um deus nos acuda. Sem chance de dar certo.