Por Altamir Pinheiro
Quem tem mais de cinquenta e já NÃO pode amarrar o cadarço do sapato em pé nem vestir a cueca, deve se lembrar do INSPETOR DE QUARTEIRÃO em cidadelas desse interiorzão agrestino, essa figura lendária e querida por ser "gente pacata e ordeira" e o terror dos desordeiros(tranca-rua). Pensando bem, até fazem falta hoje, mas duvido que alguém tenha coragem, nestes tempos violentos, de se atrever ou se aventurar ao "CARGO". Não sobraria um para contar a história, principalmente se fosse enfrentar estupradores. O inspetor de quarteirão era uma espécie de guarda-noturno sem farda, suas armas era uma afiada peixeira de 18 polegadas, um fueiro de catingueira e o seu inseparável APITO. Destemido, topava qualquer parada e espantava ladrões de galinha, punha vagabundos para correr e a molecada para dentro de casa, depois das dez da noite.
Por ser "OTORIDADE", uma carteirinha expedida pela delegacia de polícia o credenciava, mas não dava direito a privilégio algum. Recebia uma gorjetinha aqui outra acolá dos donos de botequins e padarias. Seu faturamento extra e garantido vinha daquelas "MULÉ" danadinhas e sonsinhas, geralmente, esposas de caixeiro-viajante, motorista de caminhão que viajava pra São Paulo ou de fulanos que não davam no couro e se "conformavam" em usar perucas de touro. No breu da noite, o sinal era combinado da seguinte maneira: apitava duas vezes para avisar que estava tudo sobre controle e o urso poderia terminar o serviço em plena paz, tranquilidade e muito love; três era sinal de que o marido estava chegando e perna pra que te quero...
POIS BEM!!!, recentemente, em bate papo informal que mantive com a prefeita de Capoeiras, Neide Reino, quando afirmava naquela oportunidade que sua intenção era promover um concurso público para guarda municipal para guarnecer sua cidade, só que esbarrava num entrave: a obrigação do porte ou do uso da arma de fogo. Daí, deduz-se que, o que vai fazer um guarda municipal de cassetete na mão e um estuprador invadindo um hospital ou uma repartição pública empunhando uma pistola, dessas de última geração. Quer dizer, é um investimento muito alto praticado pela prefeitura, porém com um retorno pífio, haja vista a lei não reconhecer o direito ao porte de arma de fogo, em serviço ou fora dele como tem o policial civil ou militar.
No Congresso Nacional - há uma tal de bancada da bala - que tem meio mundo de projetos na bica para serem aprovados, mas a tal instituição defensora dos DIREITOS HUMANOS tenta impedir a todo custo sua devida aprovação. Esse é o tipo do assunto que causa muita celeuma e é o tipo de proposta que gera muita polêmica. Entidades ligadas à defesa dos direitos humanos e o conselho nacional de comandantes da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros são contrários ao porte de arma, defendido pelas associações de guardas municipais. Pelo andar da carruagem, só há um meio para a bandidagem ficar à vontade e tomar conta do pedaço de uma vez por toda: vamos desarmar também os Policiais Militares, civis e... ah, o exército brasileiro também...
Em que pese a boa intenção da prefeita de Capoeiras Neide Reino, em pretender reforçar a segurança do seu município e se dependesse da vontade - e determinação - Ela gostaria de colocar um pequeno exército de 40 ou 50 guardas municipais na rua que passaria a integrar as ações de combate e prevenção à violência coordenado pelo município e subordinado ao Estado(polícia militar), mas o problema é que a lei não permite armá-los. Daí, fica o dito pelo não dito e esse lenga-lenga que não resolvem nunca...