Tem um livro de História, intitulado “Os Bestializados”, de autoria de José Murilo de Carvalho, que ajuda a entender um pouco o Brasil.
O autor mostra como a população brasileira assistiu de forma passiva, “bestializada”, a proclamação da República.
Passados tantos anos desde 1889, algumas coisas permanecem do mesmo jeito.
É o caso dessa farsa do afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Guerreira, corajosa, decente, preferiu entrar para a história olhando na cara os hipócritas, corruptos e canalhas (como classificou Roberto Requião) que infestam o Senado da República.
Gente que é só mau caráter mesmo e está lá, com um mandato dado pelo povo.
Um certo povo, bestializado, desinformado politicamente, que não lê livros, não tem argumentos para debater e se acha o tal porque diariamente vê algumas besteiras dos pequenos burgueses no Facebook.
Milhões de pessoas, das classes baixas, média e alta, sem a menor noção dos mecanismos da política, do valor da democracia, da brutalidade de uma ditadura, da importância de se governar para os mais pobres.
Satisfazer-se com Temer é como achar que a masturbação vale tanto quanto fazer amor com uma mulher.
Feliz a expressão do historiador: “Bestializados”.
Na declaração da independência! Na proclamação da República! Na aceitação do golpe militar de 64 e do golpe parlamentar de 2016!
É do analfabetismo político citado pelo poeta e teatrólogo Bertolt Brecht e da passividade de um povo bestializado que vingam os Collor de Melo, os Celso Pitta, os Tiriricas e os Cristóvão Buarque da vida.
Felizmente que nem todos estão passivos, bestializados, alienados. Há gente consciente, apesar da Globo, da Veja, do Estadão, da direita torpe e do poder econômico.
Dilma ao resistir foi mais corajosa do que Getúlio, que se matou, do que Jânio e Collor, que renunciaram e de que o próprio Jango, que fugiu após o golpe que o apeou do poder.
Mulher valente. Que teria deixado o senado inteiro vermelho de vergonha, se aqueles senhores tivessem pelo menos um pingo de dignidade.
Dilma mais uma vez prestou serviço ao país, serviu à democracia, tirou a máscara dos falsos, destruiu o que restava de Aécio Neves e outros rebotalhos da política, animou os que sabem da necessidade de resistir.
Hoje, amanhã, em 2018.
Os covardes, os oportunistas, os demagogos, os golpistas pagarão um preço caro pelo engodo a que estão submetendo o país, pelo crime cometido, por liquidar a esperança dos jovens, por querer tirar os direitos conquistados pelos trabalhadores.
Querem voltar à Casa Grande e Senzala? Aos tempos da escravidão? Censurar e reprimir novamente? Voltar 50 anos no tempo?
Em 2018 até os bestializados poderão acordar e na hora do voto vão dar o troco aos vendilhões do templo, aos que mais uma vez jogaram Jesus às feras e deixaram livre Barrabás.
Brasil, mostra tua cara.
Por jornalista Roberto Almeida