A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas) e o Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) estão atuando em conjunto no desenvolvimento do Projeto Memorial Descritivo para as Ações de Restauração Florestal da Bacia Hidrográfica do Rio Una. O projeto, que tem por objetivo propor um plano de adequação ambiental associado à restauração florestal das Áreas de Preservação Permanentes (APPs) para a área, foi apresentado no dia 21 de dezembro no auditório da Semas a técnicos e gestores de secretarias e órgãos de Governo, no sentido de socializar as informações e identificar possíveis parcerias.
O projeto encontra-se em sua primeira fase, consistindo no mapeamento das Áreas de Preservação Permanentes (APPs) dos municípios de Água Preta, Palmares, São José da Coroa Grande, Barreiros, Catende e Tamandaré, alguns dos quais foram atingidos pelas cheias de 2010, o que ocasionou inclusive a devastação da cobertura florestal do Rio Una. De acordo com pesquisadores, dos 25.1545 quilômetros quadrados das áreas estudadas, apenas 2,3% das áreas de preservação dos municípios cortados pelo rio apresentam sua vegetação original.
Para o diretor de Projetos do Cepan, Severino Rodrigo, os dados são preocupantes, uma vez que a baixa cobertura florestal das APPs nesses municípios faz com que os mesmos fiquem desprotegidos contra as enchentes, por exemplo, devido ao fato de não haver barreira física (as chamadas matas ciliares). Por outro lado, a manutenção do volume hídrico e da qualidade da água do rio também estão comprometidas. “Nosso principal desafio é chamar todos os atores envolvidos nesse processo, a exemplo dos municípios e Governo do Estado, além das propriedades privadas, para que, juntos, possamos colocar o projeto em prática”, comentou Severino.
Apesar de constatada a existência de poucos fragmentos de florestas, ficou demonstrada na pesquisa que a Bacia Hidrográfica do Una tem uma grande biodiversidade, com 227 espécies arbóreas distribuídas em 49 famílias botânicas, das quais 27 espécies são endêmicas da Floresta Atlântica brasileira.
O projeto está previsto para ser finalizado no próximo mês de abril, com previsão de elaboração de termos de referências pela Semas para restauração florestal das áreas, bem como a criação de um banco de dados das mesmas. A ideia é que os municípios utilizem os modelos de reflorestamento e as outras intervenções de restauração que foram gerados pelo projeto.
Segundo o gerente geral de Desenvolvimento Sustentável da Semas, Carlos André Cavalcanti, este projeto que a Secretaria de Meio Ambiente está denominando de “Barragens Verdes” será de suma importância para se estabelecer procedimentos técnicos para a restauração florestal nas diversas fisionomias na Bacia do Rio Una, indicando para cada área a ser recuperada o método mais adequado. “Por exemplo, na maioria das vezes, no processo de restauração florestal se investe muito esforço no plantio de mudas nativas, quando poderia ser efetuado apenas o controle das influências externas (gado, fogo, erosão, etc.) e o manejo da vegetação. Espera-se que, com esse tipo de iniciativa, os projetos de restauração florestal em Pernambuco possam se apropriar destes protocolos tecnológicos e, assim, alcançar mais sucesso”, comentou Cavalcanti.
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