Jair Bolsonaro voltou a despertar os ânimos de parlamentares, nesta terça-feira (6), ao afirmar que governadores do Nordeste agem para “dividir o país”. A fala, durante uma entrevista concedida ao Jornal O Estado de S. Paulo em sua passagem pela cidade de Sobradinho (BA), acontece um dia depois do Presidente afirmar que condicionará verbas destinadas ao Nordeste ao reconhecimento das lideranças da região.
“Presidente Jair Bolsonaro com sinais de distúrbios graves. Se mostrando mais que autoritário, mais que arrogante. Atitudes dele cada vez mais inadequadas a um Presidente da República”, criticou o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA).
No dia em que a Câmara dos Deputados se prepara para retomar a votação do segundo turno da Reforma da Previdência, o discurso também despertou a reação do ex-ministro do Esporte, deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). “Bolsonaro mente que nem sente. Depois de chamar os nordestinos de "paraíbas" e ordenar a discriminação ao Maranhão nas políticas federais, agora vem dizer que são os governadores do Nordeste que querem dividir o país. Bolsonaro não é mito, é mitômano!”, disse.
Na opinião de Érika Kokay (PT-DF), a divisão nacional se deve justamente às recentes falas do Presidente. “Bolsonaro volta a falar asneiras em entrevista ao Estadão. Acusa governadores do Nordeste de quererem dividir o país e criar uma Cuba no Brasil. Ora, quem está dividindo o Brasil é o discurso de ódio e de violência emanado do Palácio do Planalto”, retrucou a deputada.
As controversas falas do Presidente a respeito do Nordeste começaram no último dia 19 de julho, após Jair Bolsonaro se referir aos Governadores da Região como “paraíbas”. O tom pejorativo rendeu a apresentação de uma representação, junto ao Ministério Público Federal (MPF), por parte de um grupo de parlamentares de diferentes partidos, além de despertar a reação de representantes estaduais, que assinaram, conjuntamente, uma carta de repúdio contra o chefe de Estado.
Na semana seguinte, os nove governadores nordestinos formalizaram a criação do Consórcio Nordeste, uma espécie de bloco comum que viabilizará parcerias entre os estados. A iniciativa também foi alvo de críticas durante sua passagem pela cidade baiana, que acusou as lideranças de “fazerem politicalha” e quererem transformar o Nordeste “em uma Cuba”.