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sexta-feira, 10 de novembro de 2017

VICTOR MATURE, o cawboy bem dotado

Por Altamir Pinheiro

No glamoroso ambiente hollywoodiano, o atraente e sedutor Victor Mature era tratado pela mulherada como ‘’The Hunk’’, cuja melhor tradução seria ‘’Um Pedaço de Homem’’. As atrizes que com Victor contracenaram se incumbiram de espalhar a fama do ator que, se vivesse no Brasil seria chamado ou tratado de um  BEM DOTADO  por ser possuidor de uma tremenda e caprichosa ferramenta mais conhecida como  ‘‘PÉ DE MESA’’. E para comprovar, num tempo sem Internet e sem Photoshop, circularam no mercado negro norte-americano fotografias de Victor Mature vendidas a peso de ouro. Eram fotos em que ele aparecia nu e com uma monumental ereção. 

O cinéfilo adorador e pesquisador de filmes cinematográficos, Darci Fonseca, nos confirma que  nem tudo era perfeito na vida de Victor Mature em relação às mulheres. As famosas atrizes que o levavam para suas alcovas, quartos ou aposentos,  não se conformavam quando eram trocadas por outras e os constantes rompimentos eram invariavelmente rumorosos. Pior ainda os reflexos na vida conjugal de Victor, cujas esposas não suportando as infidelidades noticiadas pelas revistas e jornais pediam divórcio ou mesmo anulação de casamento. Isso levou Victor a ter quatro casamentos, até sossegar ao lado da última esposa, com quem viveu os 25 últimos anos de sua vida, de 1975 a 1994.

Em 1941 Victor Mature se casou pela segunda vez e dois anos depois era novamente o solteirão mais cobiçado de Hollywood, seja pelas mulheres que pretendiam levá-lo ao ALTAR ou simplesmente as que queriam comprovar o que diziam dele numa CAMA. Em 1948 Victor Mature se casou pela terceira vez, num enlace que durou sete anos. Novo casamento ocorreu em 1959, seguido de divórcio dez anos depois, em 1969. Nenhuma das quatro primeiras esposas deu filhos a Victor Mature, que adorava seus cães. E tudo indicava que o ator ficaria casado apenas com seu amado golfe, esporte que adorava,  mas em 1974, aos 61 anos de idade Mature se casou com Loretta, quinta esposa e com quem Victor teve a filha Victoria, nascida em 1975. Victor Mature contraiu leucemia, vindo a falecer em seu rancho, em Santa Fé, em 4 de agosto de 1999, aos 86 anos de idade.

Deixando o seu lado mulherengo à  parte,  e penetrando na arte propriamente dita, para os fãs de faroestes, Victor Mature será sempre lembrado como o inesquecível Doc Holliday de “PAIXÃO DOS FORTES”, o dentista-pistoleiro-jogador tuberculoso que morre durante o duelo no OK Corral.  A chegada dos novos hábitos indicando o processo de civilização do Velho Oeste foi o que o diretor Ford imprimiu a este western com pouca ação, mas denso em sentimentos e conflitos entre os personagens. O salão de barbeiro com suas loções recendendo ao cheiro de frondosas flores trepadeiras; a troca das roupas de vaqueiro pelos ternos com estilo importado do Leste; o médico-pistoleiro-jogador, interpretado por Victor Mature,  que recita SHAKESPEARE quando o ator esquece o texto; a própria presença da companhia que apresentará uma peça clássica numa cidade onde gente de bem se mistura a assassinos e ladrões de gado. A simplicidade, idealismo e poesia das imagens de “PAIXÃO DOS FORTES” fazem desse western um sublime exemplo da “Americana” do excelente diretor, John Ford. Paixão dos Fortes é um faroeste estrelado por  Henry Fonda que contracena com  Victor Mature, película cinematográfica espetacular, RECOMENDO-A!!!

Como nos lembra o mestre Darci, houve, no entanto, um gênero de filmes que marcou para sempre a carreira de Victor Mature, aqueles em que interpretou PERSONAGENS BÍBLICOs. Com seu belo e formoso porte físico mais que apropriado, Mature se impunha convincentemente nesses papéis. O primeiro deles foi “SANSÃO E DALILA”, extraordinário sucesso de bilheteria lançado em 1949 e que eternizou Victor Mature junto ao público. Superprodução que custou três milhões de dólares, “Sansão e Dalila” rendeu em seu lançamento, só nos Estados Unidos, 12 milhões de dólares.  Victor Mature atuou em seguida em “Andrócles e o Leão”, “O Manto Sagrado” e “Demétrius, o Gladiador” A essa altura Victor Mature já havia passado o cajado para Charlton Heston, que o sucedeu como grande astro de filmes bíblicos. Mas ainda vestindo tanga ou manto e sandálias e com uma larga espada nas mãos, Mature protagonizou “O Egípcio” e “Aníbal, o Conquistador”. 

Pois bem!!! Ao contrário, porém, de muitos artistas que dissiparam as fortunas que ganharam em extravagâncias, corridas de cavalos, mesa de pôquer ou divórcios, Victor Mature teve sempre uma vida financeira equilibrada. Victor decidiu encerrar a carreira aos 48 anos de idade, em 1961, consciente que seu tempo havia passado e também porque não mais precisava trabalhar. Com os investimentos feitos em imóveis e lojas de varejo, Victor Mature era um homem bem sucedido que escolheu para morar um belo rancho na aprazível localidade de Santa Fé, em San Diego, Califórnia. Victor Mature deixava momentaneamente a condição de aposentado apenas quando aceitava alguns convites para filmar. Um desses convites foi para interpretar O PAI DE SANSÃO, na versão de “Sansão e Dalila” feita para a TV em 1984. Perguntado se não ficaria constrangido em ser o envelhecido pai de Sansão, Victor Mature respondeu: “Pagando bem eu interpreto até mesmo a mãe de Sansão!”...

Injustamente lembrado como um dos grandes canastrões do cinema, Victor Mature possuía certo talento artístico. Poucos atores poderiam atuar com sucesso em tantos gêneros diferentes como fez Victor Mature. E poucos atores também souberam, depois de conquistar a fama, se portar com simplicidade, ser espontaneamente alegre e conquistar a todos com o mais sincero e contagiante sorriso como fazia Victor Mature.

A seguir assista ao vídeo de apenas 5 minutos da cena do filme “PAIXÃO DOS FORTES”, em que o personagem Doc Holliday (Victor Mature), o médico-pistoleiro-jogador e tuberculoso, recita SHAKESPEARE quando o ator esquece o texto  no palco. A frase "Ser ou não ser, eis a questão" (em inglês: To be or not to be, that is the question) vem da peça A TRAGÉDIA DE HAMLET, príncipe da Dinamarca, de William Shakespeare. Encontra-se no Ato III, Cena I e é frequentemente usada como um fundo filosófico profundo. Sem dúvida alguma, é uma das mais famosas frases da literatura mundial. O verso, citado pelo personagem principal Hamlet é um espetáculo à  parte.

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