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domingo, 25 de junho de 2017

Histórias de Capoeiras: Viagem com o padre Hosana no dia em que ele matou o Bispo de Garanhuns

Por Junior Almeida

A história da morte te do quinto bispo de Garanhuns, Dom Expedito Lopes, assassinado pelo seu subordinado, o desequilibrado padre Hosana de Siqueira, é bastante conhecida. Foi uma tragédia que levou o nome de Garanhuns às páginas policiais de jornais do mundo inteiro. Comoção parecida a da morte do bispo, só o episódio da “Hecatombe de Garanhuns” em 1917.

Casos como esse de Dom Expedito são raros na história, sendo o crime de Garanhuns apenas o terceiro conhecido no mundo, o primeiro e único do Brasil. O primeiro foi em Paris, na França, em 1857, quando um padre de nome Louis Verge matou a punhaladas, na igreja de Santa Madalena o arcebispo Dom August Sibour. O segundo caso foi em Madrid, na Espanha, em 1886, quando o abade Galleote Costela assassinou a tiros o bispo de Madrid, Dom Martinez Izquierdo, e o terceiro, a morte de Dom Expedito, assassinado pelo padre Hosana de Siqueira, que levou o nome de Garanhuns para as páginas policiais dos jornais do mundo inteiro.

Padre Hosana de Siqueira Silva era pároco de Quipapá, que pertence a Diocese de Garanhuns, e vivia amancebado com sua prima, que alguns diziam ser sobrinha, Maria José Martins, inclusive essa morando com ele na casa paroquial daquela cidade. Todos na localidade sabiam sobre o dito romance, mas, por temerem o temperamento forte e comportamento violento do padre, a maioria das pessoas se calava.

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...Na Rádio Difusora, padre Hosana não teve voz, pois os funcionários da emissora não permitiram que ele falasse. Enfurecido, o religioso foi até o centro da cidade a fim de acertar suas contas com o bispo. No Palácio Episcopal, vizinho a Catedral de Santo Antônio, a porta foi aberta pelo próprio Dom Expedito, que foi atingido de pronto pelos disparos do [revólver calibre] 32 do padre Hosana. Algumas versões dão conta de que os dois sacerdotes discutiram feio antes dos tiros, porém, a versão mais aceita é a primeira.

Dom Expedito foi levado às pressas para o Hospital Dom Moura, mas não resistiu aos ferimentos, morrendo na madrugada do dia 2 de julho de 1957. Em seu leito de morte, o bispo piauiense, mesmo percebendo se aproximar a hora derradeira, ainda brincou com os onze padres que o acompanhavam, tendo-lhes inclusive ministrado a extrema unção, dizendo:

-Já viram, que coisa mais feia um bispo gemendo?

Capoeiras
Pois bem, esse é o relato resumido da tragédia que envolveu dois membros da igreja Católica, porém, o que liga essa história à Capoeiras, é o fato de um casal do município, hoje com raízes bem ficadas no lugar, ter estado com o padre assassino pouco antes dele cometer bestial crime.

O casal Gildo Marques de Andrade e Maria Alice de Melo Andrade, depois de morar em São José da Laje, Alagoas, Maraial, Pernambuco, estava residindo na Usina Água Branca, município de Quipapá, também em Pernambuco, justamente na época em que o padre Hosana estava à frente daquela paróquia, sendo inclusive o religioso responsável pelo batizado de suas duas filhas, as meninas Vera e Vânia.

Lá onde moravam, uma certa dona começou com enxerimentos para os lados de Gildo Marques, e sua esposa Maria, não deixou barato: “rodou a baiana” em cima da rival. Sem clima para continuar na [usina] Água Branca, no primeiro dia do mês de junho de 1957, Gildo, Maria Alice e seus quatro filhos, Arnon, Vera, Vânia e Antônio, embarcaram de mala e cuia no trem da Great West, na cidade de Quipapá, com destino à Garanhuns, de onde iam seguir até Capoeiras, a nova morada da família.

Dentro do trem, a surpresa: seria seu companheiro de viagem até Garanhuns, o pároco de Quipapá, Hosana de Siqueira. Até que o casal tentou conversar com o religioso, o qual já conheciam, e gozavam de certa intimidade, mas o Hosana estava agitado, parecia não ouvir o que lhe perguntavam. Tenso, o sacerdote constantemente olhava as horas em seu relógio de pulso, além de não parar quieto em seu assento. Padre Hosana ficava caminhando pra lá e pra cá, dentro do vagão, o que fazia as pessoas notar que algo estava errado. Os que o conheciam, ligavam tal agitação aos constantes boatos em Quipapá, mas o casal Maria e Gildo, desconfiava que tivesse algo mais.

Para confirmar as suspeitas do referido casal, e posteriormente sabe-se que padre Hosana premeditou o seu crime, ao se despedir de Gildo Marques e Maria Alice, o sacerdote disse:
-Hoje o povo vai escutar umas Ave-Marias diferentes...

Junior Almeida e autor do livro: "A volta do Rei do Cangaço". Reside na cidade de Capoeiras - PE, onde é comerciante.

Leia o texto na integra no perfil do autor no Facebook: https://www.facebook.com/junior.almeida.399/posts/1209447419167095

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