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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

O brutal e sádico Ernest Borgnine se vivo fosse estaria com 101 anos

Por Altamir Pinheiro

Se vivo fosse, Ernest Borgnine estaria completando neste 24 de janeiro, 101 anos de idade, pois morreu em 2012 aos 95 anos.  Começou no cinema aos 34 anos, idade em que muitos astros de sua geração como Charlton Heston, Tony Curtis, Rock Hudson, Robert Wagner e outros já haviam se tornado ídolos e eram capas de revistas especializadas. Por sinal Borgnine nunca foi capa de revista alguma pois de galã ele não tinha nada. Era feio que só a fome!!!  Mas se lhe faltava um rosto bonito, nele possuía talento de sobra, o que lhe permitiu compensar sua estreia tardia no cinema com uma carreira de mais de 60 anos.  Em julho de 2012 o cinema perdia Ernest Borgnine, um dos grandes atores daquelas memoráveis décadas de 50 e 60 e da qual hoje sobrevive apenas Kirk Douglas. Curiosamente, Douglas é um mês mais velho que Borgnine na vida real.

Para ilustrar o começo desta biografia seria de bom alvitre salientar que, o cinéfilo e pesquisador de filmes faroestes,  Darci Fonseca, costuma dizer que o ator Ernest Borgnine tanto é brutal quanto sádico além de, terno e engraçado...  Em 1969 Ernest atuou naquele que pode ser considerado o grande filme de sua carreira, “Meu Ódio Será Sua herança”, a obra-prima do diretor  Sam Peckinpah. Depois desse western Ernest poderia até se aposentar, mas continuou sua carreira em filmes que nunca mais atingiriam a grandeza de “The Wild Bunch(Meu Ódio Será Sua herança)”.

Como retrata o Westerncinemania, Em 1953 Ernest fez seu primeiro  faroeste que se chamou “O Pistoleiro”, estrelado pelo ótimo  Randolph Scott e que tinha no elenco o malvado Lee Marvin, outro tipo durão igual a Borgnine e cujas carreiras se cruzariam outras vezes. Mas as coisas começaram a melhorar mesmo quando o agente de Borgnine conseguiu colocá-lo no elenco de um filme predestinado ao sucesso que se chamou “A Um Passo da Eternidade”. Além da excelente interpretação de Frank Sinatra, o elenco era composto por nada mais nada menos que  o fenomenal Burt Lancaster. Acontece que em meio a tantos excelentes atores Borgnine como o sádico ‘Fatso’ se destacou e ajudou “A Um Passo da Eternidade” a se tornar um enorme sucesso de público e de crítica. Depois disso só restava a Ernest colher os frutos que não demoraram a chegar. 

O cinéfilo Jurandir Lima  trata-o   como o grande, o magnifico, o versátil, o incomparável. Pura verdade!!! É humanamente impossível haver no mundo alguém que conheça cinema e que não  adorasse Ernest Borgnine. Foi um ator acima de querido e amado em demasia. Foi um monstro sagrado da sétima arte. Fazendo um pequeno organograma ou levantamento  dos seus filmes que quase sempre era um coadjuvante, em “Marty” era doce como um anjo; já em “Ao Despertar da Paixão”, perverso como um demônio como também em O Imperador do Norte e A Um Passo da Eternidade. Equilibrado e convincente em “Meu Ódio Será Sua Herança” e O Destino do Poseidon. Deslumbrante em Viking, Os Conquistadores, em Homens das Terras Bravas e em tudo o mais que fez. Quem não se lembra daquela cena espetacular no faroeste Vera Cruz em que Gary Cooper aplica um tremendo soco  no brutamontes Borgnine, no saloon, que ele vai parar no meio da rua...

O sádico Ernest Borgnine e o malvado Lee Marvin tiveram inícios de carreiras bastante semelhantes, atuando juntos em diversos filmes e tornando-se grandes amigos. Tanto Lee quanto Ernest foram ‘mariners’, soldados da Marinha Norte-Americana. Sem se conhecerem os ex-mariners começaram no cinema no mesmo ano, em 1951 e dois anos depois, em 1953 se encontraram pela primeira vez num western de Randolph Scott intitulado “O Pistoleiro”. Durante suas carreiras Lee e Borgnine atuariam juntos nos seguintes filmes: “Conspiração do Silêncio”, “Sábado Violento”, “Os Doze Condenados”, “O Imperador do Norte” e “Os Doze Condenados: A Nova Missão”.

O pesquisador Darci Fonseca nos conta em detalhes ao afirmar que, segundo suas pesquisas,  Borgnine sempre foi um sujeito bonachão que conquistava as pessoas com facilidade, isto apesar da sua cara de mau; já  Lee Marvin  tinha não só cara de poucos amigos, como fazia poucos amigos devido a seu temperamento colérico e também porque bebia sempre além da conta, ocasiões em que se tornava violento e brigão. Independentemente do gênio de cada um, a amizade perdurou até a morte de Lee, aos 63 anos em 1987. Lee Marvin, por sinal, nunca perdia a oportunidade de brincar com Borgnine, até mesmo nas filmagens das quais eles participaram. 

Prossegue o cinéfilo falando das brincadeiras dos eternos amigos: Muitos anos depois, já atores veteranos, consagrados e vencedores do Oscar, os amigos se encontraram numa festa e Ernest mostrou a Lee Marvin  uma foto dos dois quando atuaram em “O Imperador do Norte”. Ernest pediu a Lee que autografasse a fotografia, o que Lee fez rapidamente. Ernest guardou a foto no bolso e mais tarde, todo feliz, mostrou a foto para sua esposa. Ela olhou a fotografia e começou a rir. Lee havia escrito: To Ernest, love, Randolph Scott (Para Ernest, com amor, Randolph Scott). Não é que o bandido do Lee Marvin havia sacaneado o amigo mais uma vez...

Burgnine tinha um rosto que lembrava um cão buldogue e como se vê ficou conhecido por interpretar tipos durões e sádicos no cinema. Foi ganhador da estatueta em 1955 com o filme MARTY, donde interpretou um açougueiro italiano afável e meigo, doce como um anjo. No ano que concorreu ao Oscar por “Marty”, Borgnine desbancou astros  fortes na competição de atores como James Cagney , Spencer Tracy, Frank Sinatra e  James Dean. 

Embora saibamos que a vida corre correlata com a morte, é triste constatar que um ator do brilhantismo e da performance de um  Ernest Borgnine tenha se encantado apesar de ter vivido preciosos 95 anos. Às vezes, não se  consegue entender como ficamos realmente entristecidos ao ver esses “cowboys” de tanto sucesso, e presentes por meio da magia do cinema em nossas vidas, partirem. Acho que, além de tudo que isso significa, talvez pareça a nós que levam mais um pedacinho daquelas imagens que teimam em se solidificar em nossas retinas, como aquelas longas estradas férreas, aqueles tropeiros de cavalos, os perigosos desfiladeiros, vales e monumentos da Costa Oeste norte-americana. Só podemos agradecer por tudo que fizeram pelo cinema e pelo gênero. Para quem é cinéfilo de bang bang, sabe muito bem que eles deixaram para nós momentos maravilhosos, que continuarão fazendo parte de nossas vidas, e, de certo modo, não os vamos deixar ser esquecidos jamais.

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