Jornal paulista de viés conservador contribuiu para Bolsonaro ganhar a eleição, e hoje parece arrependido da desinformação que prestou.
"Num vexame sem precedente, o presidente Jair Bolsonaro evitou a imprensa em Davos, cancelando uma entrevista e deixando jornalistas e cinegrafistas brasileiros e estrangeiros à sua espera numa sala do Fórum Econômico Mundial. Quinze minutos antes do evento, marcado para as 16 horas, plaquinhas com os nomes do presidente e dos ministros Paulo Guedes, Sergio Moro e Ernesto Araújo estavam sobre a mesa destinada aos entrevistados", diz o jornal Estado de S. Paulo, em editorial publicado nesta quinta-feira. "Bolsonaro, a menos que surja outra interpretação plausível para sua atitude, foi incapaz de aguentar a tensão em seu primeiro teste internacional."
O jornal também criticou o discurso de Bolsonaro. "Produziram um mexidão com ideologia e insuficiência de informação relevante. Foi mais uma versão requentada de um discurso eleitoral. Mesmo os frequentadores mais conservadores de Davos devem estar pouco interessados na restauração dos valores da família brasileira. Os menos pacientes devem ter achado patética a afirmação sobre como foi escolhida a equipe de governo", aponta o editorial. "Ele ainda tentaria, em vários encontros e com a entrevista marcada meio de improviso, transmitir ideias mais claras e falar com maior pragmatismo. Mas o cancelamento da entrevista comprovou suas más condições para o exercício de uma função física e psicologicamente exigente como a que acaba de assumir."
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