
Os pesquisadores compararam os riscos de morte por causas violentas entre as mulheres que já tinham sido agredidas e as que não tinham histórico, e o resultado foi impressionante. Por exemplo, entre adolescentes, o risco de morrer por homicídio ou suicídio era 90 vezes maior. Autolesões foram encontradas em 40% das mulheres mortas que já sofriam agressões. E no período estudado, a cada dia morreram três mulheres que já tinham buscado atendimento por agressão. “Se medidas de proteção tivessem sido adotadas, talvez boa parte desses óbitos pudesse ter sido evitada”, disse ao Estadão a diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério, Maria de Fátima Marinho Souza, que coordenou a pesquisa. Ela lembrou que os números não incluem os atendimentos no serviço privado e, se incluíssem, certamente os resultados seriam ainda mais expressivos.
Mais de um terço das vítimas vivia em municípios pequenos, de até 50 mil habitantes. Entre as adolescentes e jovens, a maioria são negras; já entre crianças, adultas e idosas, há mais brancas. Mas, em todas as fases da vida, o que se destaca mesmo é a baixa escolaridade, que foi maioria entre jovens (61,5%), adultas (66,25) e idosas (83,7%). Esta outra matéria, também do Estadão, fala da importância de ter não só o acesso à escola mas também de uma escola que seja um bom espaço de informação sobre esse tipo de violência. “Impedir a discussão, sobretudo das questões de gênero, é desperdiçar uma oportunidade de prevenção”, disse a ex-subsecretária de políticas públicas do governo do Distrito Federal, Alexandra Costa, referindo-se ao Escola sem Partido. Como metade dos abusos contra crianças acontece em casa, muitas vezes a escola é o primeiro ponto de apoio que elas têm para interromper o ciclo de violência.
Aliás, a maioria dos brasileiros é favorável à educação sexual e ao debate de temas políticos nas escolas, segundo uma pesquisa do Datafolha divulgada ontem.
Fonte: IHU – A informação é publicada por Outra Saúde, 08-01-2018.
Cáritas NE2
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