A dor que invade a barriga de muitas famílias pobres residindo em bolsões de miséria nas periferias das cidades não difere daquela que toma conta dos animais igualmente sem água para saciar a sede ou o alimento a fim de mitigar a fome. Nos sertões do Ceará e Pernambuco, o gado está morrendo de fome e sede. O que, antes, era apenas uma ameaça, tornou-se realidade e as conseqüências da seca já são dramáticas.
As chamadas chuvas das frutas nunca foram tão desejadas, mas não vieram este ano. Sem água não há pasto e os animais que se deitam por conta da fragilidade já não conseguem mais se levantar para saírem na busca do alimento que já não havia encontrado antes. O olhar deles entristece a qualquer um por tocar dentro da alma diante da idéia clara que pede algo para mitigar sua fome e sede.
A temperatura é cada vez mais elevada e os reservatórios estão secos. Os pequenos pecuaristas não têm mais o que fazer e já estão tomados pela tristeza de ver seu rebanho reduzindo a cada dia. Pior que isso: com a dor de quem vê o animal sentir vontade de comer e não ter o que dar para este. É como se ele sentisse, também, essa mesma dor da fome em sua barriga.
O gado espera o socorro que não vem até o momento de dar o último suspiro e ali deitar a cabeça e morrer num retrato triste e cruel que maltrata os animais e humilha o homem forte do sertão por se sentir enfraquecido. As áreas de pastos que, antes, representavam fartura transformaram-se num cemitério de animais. Um dos pecuaristas a conviver com esse drama é Djalma Cidrin, de 68 anos, dono da Fazenda Serrita no Pernambuco, que está deprimido e recolhido à sua residência.
Ela fica a uma distância de 6 km da divisa com o Ceará e 22 Km para o centro de Jardim. No início da estiagem o fazendeiro tinha rebanho de aproximadamente 1000 cabeças de gado. Hoje é bem menos, pois todos os dias morrem cerca de 20 animais. Domingo o empresário e pecuarista, Dedé Tavares, foi até lá ver a situação de perto com o genro e médico, Giovane Sampaio, que lamentou o fato de Djalma não ter conseguido captar empréstimo bancário para comprar ração e salvar o seu rebanho.
Demontier Tenório/Portal Miséria
Súplica Cearense
ResponderExcluirOh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar
Oh! Deus, será que o Senhor se zangou
E só por isso o sol se arretirou
Fazendo cair toda chuva que há
Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedi pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão
Meu Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração
Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar
Desculpe eu pedi a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará
Baixe o ringtone de músicas »
http://www.vagalume.com.br/luiz-gonzaga/suplica-cearense.html#ixzz2AzE95v3t
O problema não é a seca, e sim a falta de iniciativas públicas que ajudem e ensinem ao sertanejo humilde como conviver com a seca.
ResponderExcluirVozes da Seca
Luíz Gonzaga
Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
É por isso que pidimo proteção a vosmicê
Home pur nóis escuído para as rédias do pudê
Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cumê
Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage
Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage
Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Como vê nosso distino mercê tem nas vossa mãos