Uso desmedido da força policial contra manifestação de massa resgata Polícia Militar dos tempos da ditadura, quando era comandada pelo coronel Erasmo Dias da Silva; ele invadiu a PUC, em 1977, e prendeu 1,1 mil estudantes; ontem, foram mais de 200, mas violência física, quando mortes não ocorreram por sorte, foi incomparavelmente maior; tiros de borracha na direção das cabeças das pessoas - como o que atingiu a repórter Giuliana Vallone (acima) -, cacetadas indiscriminadas e prisões aleatórias ressaltam corporação que, agora sob o comando do tucano Geraldo Alckmin, ainda não aprendeu a conviver com a democracia; ônibus caros e superlotados mostram que protesto se justifica; hoje há ato programado para a Av. Luis Carlos Berrini; exercício democrático vai resultar em nova guerra?
A violenta repressão da Polícia Militar do Estado de São Paulo na região central da capital, na noite da quinta-feira 13, só encontra paralelo, como episódio histórico, na invasão da Pontifícia Universidade Católica, em 1977, pelas tropas do então secretário de Segurança Erasmo Dias da Silva, o Erasmão. Sob o comando dele, nada menos que 1,1 mil estudantes foram presos, impedidos assim, naquela ocasião, de refundar a União Nacional dos Estudantes.
Agora, houve 200 prisões, mas a violência foi muito maior. Disparando tiros de borracha na direção do rosto das pessoas – a repórter Giuliana Vallone, da Folha de S. Paulo, teve o olho atingido de forma proposital e, portanto, criminosa, enquanto desempenhava suas funções devidamente credenciada --, prendendo transeuntes que nada tinha a ver com o protesto, distribuindo cacetadas e soltando bombas de gás lacrimogênio, a Polícia Militar, mostram os resultados, foi desmedida na ação de acompanhamento e monitoramento ao protesto.
Pesquisa do instituto Datafolha, publicada hoje, mostra que 78% do público paulistano considera normais e democráticos protestos populares em torno de questões como o preço das passagens de ônibus. A PM, ficou claro, pensa diferente. Com sua estrutura que reproduz as patentes do Exército, a corporação ainda opera do mesmo modo que nos tempos do regime militar.
Seu papel orientador se reduz a zero nos momentos mais complexos para sobressair a face repressora desmedida, com o uso de armas, cachorros e equipamentos não em defesa da população, mas contra ela. Foi o que se viu ontem, quando todo o aparato policial foi despejado sobre uma passeata que se encaminhava pacífica, como mostraram ao vivo as emissoras de tevê, até que provocações de parte a parte degringolassem em cenas de barbárie.
BRASIL 247
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