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sexta-feira, 14 de junho de 2013

São Paulo, truculência da Polícia como no tempo da repressão militar no Brasil

Uso desmedido da força policial contra manifestação de massa resgata Polícia Militar dos tempos da ditadura, quando era comandada pelo coronel Erasmo Dias da Silva; ele invadiu a PUC, em 1977, e prendeu 1,1 mil estudantes; ontem, foram mais de 200, mas violência física, quando mortes não ocorreram por sorte, foi incomparavelmente maior; tiros de borracha na direção das cabeças das pessoas - como o que atingiu a repórter Giuliana Vallone (acima) -, cacetadas indiscriminadas e prisões aleatórias ressaltam corporação que, agora sob o comando do tucano Geraldo Alckmin, ainda não aprendeu a conviver com a democracia; ônibus caros e superlotados mostram que protesto se justifica; hoje há ato programado para a Av. Luis Carlos Berrini; exercício democrático vai resultar em nova guerra?


A violenta repressão da Polícia Militar do Estado de São Paulo na região central da capital, na noite da quinta-feira 13, só encontra paralelo, como episódio histórico, na invasão da Pontifícia Universidade Católica, em 1977, pelas tropas do então secretário de Segurança Erasmo Dias da Silva, o Erasmão. Sob o comando dele, nada menos que 1,1 mil estudantes foram presos, impedidos assim, naquela ocasião, de refundar a União Nacional dos Estudantes.

Agora, houve 200 prisões, mas a violência foi muito maior. Disparando tiros de borracha na direção do rosto das pessoas – a repórter Giuliana Vallone, da Folha de S. Paulo, teve o olho atingido de forma proposital e, portanto, criminosa, enquanto desempenhava suas funções devidamente credenciada --, prendendo transeuntes que nada tinha a ver com o protesto, distribuindo cacetadas e soltando bombas de gás lacrimogênio, a Polícia Militar, mostram os resultados, foi desmedida na ação de acompanhamento e monitoramento ao protesto.

Pesquisa do instituto Datafolha, publicada hoje, mostra que 78% do público paulistano considera normais e democráticos protestos populares em torno de questões como o preço das passagens de ônibus. A PM, ficou claro, pensa diferente. Com sua estrutura que reproduz as patentes do Exército, a corporação ainda opera do mesmo modo que nos tempos do regime militar.

Seu papel orientador se reduz a zero nos momentos mais complexos para sobressair a face repressora desmedida, com o uso de armas, cachorros e equipamentos não em defesa da população, mas contra ela. Foi o que se viu ontem, quando todo o aparato policial foi despejado sobre uma passeata que se encaminhava pacífica, como mostraram ao vivo as emissoras de tevê, até que provocações de parte a parte degringolassem em cenas de barbárie.
BRASIL 247

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