Mais do que os sintomas incapacitantes, a hanseníase traz consigo outro fator preocupante: o estigma associado à doença. O preconceito vivenciado pelo paciente, muitas vezes, o isola do restante da sociedade, impossibilitando o diagnóstico correto e o tratamento adequado. Como forma de chamar a atenção para a relevância do tema, entidades da saúde unem esforços neste período para divulgar a campanha Janeiro Roxo, mobilização em prol do combate à doença infecciosa que tem como principais sintomas manchas pelo corpo e alterações de sensibilidade na pele.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) iniciou programação educativa para profissionais da área e população em geral. Com o mote “Não isole, cuide: hanseníase tem cura”, as ações seguem até o dia 31 do mês de janeiro, em articulação com os municípios pernambucanos.
Nos dias 14, 15 e 16/01/2020, aconteceu uma Formação em Manejo clínico da hanseníase e avaliação de grau de incapacidade para profissionais de saúde de Timbaúba, Capoeiras e Goiana.
Nos últimos dias, a Secretaria capacitou profissionais envolvidos na linha de cuidados para o manejo clínico da doença, promoveu ciclos de debate sobre o tema, além de apoiar os municípios em suas ações no território.
Em 2019*, foram registrados 2.325 novos casos de hanseníase no Estado. Em 2018, foram 2.263 novos casos da doença. Apesar dos últimos números se manterem estáveis, a SES-PE reforça a necessidade de trabalhos contínuos para conscientização da sociedade e diminuição das ocorrências. “Ao orientar a população e profissionais de saúde sobre os sinais e sintomas da doença, favorecemos, consequentemente, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado em tempo oportuno, além de combater a discriminação e promover a inclusão dos pacientes. É importante lembrar que a hanseníase tem cura, mas, se não tratada corretamente, pode causar diversas lesões incapacitantes ao organismo”, ressalta a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Hanseníase, Débora Amaral.
A DOENÇA - A hanseníase é uma doença infecciosa, crônica e com alto poder incapacitante. Causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, acomete, principalmente, a pele e os nervos periféricos. Também pode manifestar-se em outros órgãos e regiões do corpo, como articulações, olhos, testículos e gânglios. A transmissão ocorre quando uma pessoa infectada, e que não recebe o tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, infectando outras pessoas. A principal via de eliminação e entrada do bacilo são as vias aéreas superiores (mucosa nasal e orofaringe), através de contato íntimo e prolongado.
Os principais sinais e sintomas da doença são: manchas esbranquiçadas, acastanhadas ou avermelhadas, com alterações de sensibilidade (a pessoa pode sentir choques, câimbras e formigamentos que evoluem para dormência); pápulas, infiltrações, tubérculos e nódulos; diminuição ou queda de pelos localizada ou difusa (especialmente sobrancelhas) e ausência de sudorese no local (pele seca).
O tratamento recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é baseado na poliquimioterapia, ou seja, com o uso de várias drogas para a intervenção terapêutica. Uma parte do tratamento é realizada nos postos de saúde, necessitando que o paciente compareça à unidade uma vez por mês para tomar a medicação (dose supervisionada). No restante do tratamento, o paciente pode tomar os remédios em casa. Vale reforçar que toda a medicação para hanseníase é fornecida pelo Ministério da Saúde (MS). A adesão ao tratamento leva à cura da doença e impede a sua transmissibilidade.
Fonte: Secretaria de Saúde de Pernambuco