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domingo, 8 de julho de 2018

Saindo de Caetés PE caravana percorrerá seis estados para denunciar a volta da fome no Brasil


Movimentos populares, sindicatos e entidades da sociedade civil vão fazer uma caravana pelo interior do país para descrever um cenário de alerta: a fome voltou a assombrar a nação. O número de brasileiros que passam fome cresceu.

A iniciativa de apurar, com uma caravana, o crescimento do número de pessoas que passam fome no país foi idealizada pela Articulação do Semiárido (ASA) e começa no interior de Pernambuco, em Caetés, no dia 27 de julho.

A caravana vai colher relatos para ilustrar este processo, que vai na contramão de compromissos que o país assumiu com a Organização das Nações Unidas (ONU) — entre eles, a segurança alimentar, uma das metas da Agenda 2030, e a redução da fome e da pobreza, um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio que o país atingiu em 2015.

Este ano, o governo brasileiro, novamente, não vai apresentar o relatório de acompanhamento das metas de desenvolvimento sustentável para 2030. A publicação dos dados é voluntária. Mas o grupo de trabalho de organizações sociedade civil que investiga o cumprimento destes objetivos vai divulgar um novo relatório no final de julho.

De acordo com o pesquisador Francisco Menezes, integrante da ActionAid e do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), o relatório deve indicar o agravamento do que as entidades já haviam constatado em 2017: de que haviam indícios que o país pode voltar ao Mapa da Fome da ONU.

O país saiu da lista da fome em 2014, quando foram divulgados os índices mais recentes da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), pesquisa realizada a cada cinco anos. Os dados mostravam que, em 2013, cerca de 3,2% da população, aproximadamente 3 milhões de domicílios, viviam em situação de insegurança alimentar grave — índice mais baixo que o Brasil o país atingiu.

A queda representou 28,8% em relação a 2009, quando 5% da população brasileira vivia em situação de intensa privação de alimentos.

Embora a previsão de divulgação da próxima pesquisa seja em dezembro deste ano, Menezes afirma que já há indícios de que a situação do país se agravou e que o país se distancia das metas assumidas internacionalmente.

Desemprego
O pesquisador pontua que cortes nos programas sociais, a adoção de políticas neoliberais e, sobretudo, o desemprego e a precarização do trabalho levaram a este cenário.

Nos últimos três anos, a tendência de queda da pobreza no país se reverteu. Em 2017, o número de pessoas que estavam em extrema pobreza chegou aos mesmos parâmetros de 2005.

Mapa
A nutricionista Patrícia Jaime, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), analisa que a saída do Brasil do Mapa da Fome também está relacionada processo ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e à redução da mortalidade infantil.

Mas, após 13 anos de queda consecutiva, a taxa de mortes de crianças antes de completar um ano de vida cresceu 11% entre 2016 e 2017. Já o percentual de crianças menores de cinco anos desnutridas aumentou de 12,6% para 13,1% no período. Segundo ela, este é um alerta vermelho.

Além de Pernambuco, a previsão é que o grupo passe pelos estados da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.

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