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domingo, 22 de julho de 2018

Verônica: Pense, numa COROA enxuta!!!

Por Altamir Pinheiro 

Conforme  rezam as religiões cristãs, principalmente a católica,  Verônica foi uma mulher caridosa que, comovida com o sofrimento de Cristo ao carregar aquela pesada  cruz, deu-lhe seu pano de cabeça em forma de véu para que o filho de Deus  aqui na terra  pudesse limpar seu rosto. Cristo aceitou o oferecimento e, após utilizá-lo, devolveu-o à bondosa senhora Verônica. E então, a imagem de seu rosto estava milagrosamente impressa naquele pano de linho branco. Pois bem!!! No campo musical, no final da década de 1960 o nome feminino ou uma mulher  chamada VERÔNICA  foi uma bela fonte de inspiração romântica  para ser feita uma   bem sucedida composição por C. Blanco que ocasionou um baita   sucesso na língua castelhana e em termos de Brasil, o pernambucano Fernando Adour fez uma milimétrica e caprichosa versão e entregou de mão beijada  ao vozeirão lindo com  voz de tenor,  o paraibano(radicado em Pernambuco), Maurício Reis.

A propósito, o pernambucano Fernando Adour é  produtor musical e excelente versionista(considerado o  Rossini Pinto do Nordeste). Sua primeira direção musical foi com a música “Pare de tomar a pílula” de Odair José, um sucesso impressionante no ano de 1973. Em 1978 fez  cerca de 20  versões para Julio Iglesias, na época, artista desconhecido no Brasil. No começo da carreira a cantora colombiana  Shakira  foi  produzida, também,  por Fernando Adour. Compositor de estilo romântico, fez muitas versões de músicas em inglês, italiano e espanhol, em especial no período final da Jovem Guarda. Quanto aos brasileiros há um rosário de VERSÕES escritas(ou traduzidas) por este produtor artístico, arranjador vocal, vocalista e compositor como:

O mais importante é o verdadeiro amor(Tanta voglia di lei), uma balada de 1972,  na voz de Márcio Greyck;  em 1973, conheceu seu maior sucesso com a gravação de  VERÔNICA pelo cantor Maurício Reis, que transformou essa balada num dos grandes clássicos do cancioneiro brega-romântico; já  em 1977, o conjunto de rock Renato e Seus Blue Caps gravou "O que eu posso fazer", versão de "Baby's in black", de John Lennon e Paul McCartney, e "Tudo o que eu sonhei", para "If I fell", também de John Lennon e Paul McCartney; no ano de 1979  o conjunto Os Incríveis, registrou "Às vezes tu às vezes eu", versão para “A veces tu a veces you”; a cantora Núbia Lafayete também foi beneficiada pelas versões de Fernando Adour quando  gravou "Seguirei meu caminho", que fez um estrondoso sucesso.

Suas mais de 60 versões ou composições  foram lançadas por nomes como  Raimundo Fagner, Jessé, Gilliard, Jerry Adriani, Benito Di Paula, João Paulo e Daniel, Tim Maia, Pepeu  Gomes,  Guilherme Arantes, Roberta Miranda, Elba Ramalho, Elza Soares, Frenéticas, Wanderléa, Cláudia Teles, Roupa Nova, Sidney Magal, e seu grande amigo Erasmo Carlos. Com Roberto Carlos  produziu "Amazônia", "Tô chutando lata" e fez terça de voz em "Apocalipse" e "Do fundo do meu coração".  A título de  informação, Rossini Pinto morreu em 1985 com apenas 48 anos de idade; já Fernando Adour,  hoje é um oitentão e bote força   residente no Rio de Janeiro.

Há exatamente 45 anos chegava ao Brasil a versão da música VERÔNICA (letra de C. Blanco de 1968), gravada pelo eterno e inesquecível  poeta do cravo branco, Maurício Reis. De brega  é só o nome: pois ela tem poesia, música, sentimento e muito bom português!!! No ano de 1973 em diante, Maurício Reis fez parte da  infância, adolescência  e juventude de todos nós com esta romântica melodia que dilacerou corações dos eternos namorados durante cinco  décadas: Verônica, me sinto tão só / Quando não estais junto a mim / Verônica, eu quero dizer / Que te amo tanto / Que não posso mais / Que te quero tanto, amor...

Tive o prazer de ver essa fera cantando ao vivo em comícios de políticos nos palanques da vida. O saudoso cantor Maurício Reis cantava o amor verdadeiro, caipira, interiorano e sincero com àquela cafonice inesquecível do seu modo de trajar(cinto afivelado e sapato Cavalo de Aço, além do seu cabelo Black Power). Uma passagem agradabilíssima que como fita de cinema faroeste, nos mostrava felizes em tempo integral em nossa adolescência. Quem não curtiu em festas de rua de final de ano, ao lado de uma paquera, no alto de uma Roda Gigante, suas  músicas intituladas   Lenço Manchado, Dançarina, Mercedão Vermelho, Locutor, Amor fingido, Ilustríssima Madame, verônica (Um clássico dos anos 70). A música VERÔNICA foi o top de linha: top dos top. Hoje, Infelizmente,  o romantismo está dando lugar ao ódio e a violência. Enquanto isso, a   rapaziada  anda curtindo muito e bastante “noiada” um tal de Luan Santana  ou Wesley Safadão...

Com uma carreira de 30 anos, Maurício Reis Lançou 27 álbuns ente LPs e CDs. Nascido em Santa Rita, na Paraíba, tinha escolhido o Agreste pernambucano para morar e a cidade sorteada foi Gravatá, onde manteve residência fixa até sua morte por afogamento. Exatamente no dia 22/07/2000, há 18 anos,  chegava ao fim a vida de um artista de sucesso. João Maurício da Costa ou simplesmente Maurício Reis, O artista faleceu naquele trágico 22 de julho de 2000, aos 58 anos de idade, num fatal acidente automobilístico ocorrido no município pernambucano de Bonito. Maurício Reis havia saído de Gravatá, onde morava há sete anos, para fazer um show na cidade de Xexéu-PE. O carro estava sendo guiado pelo filho do cantor, o tecladista Maurício Inácio, que sobreviveu..

Como boa parte das músicas de hoje em dia não tem história e sim  pornografia explícita, o BREGÃO DO BOM de Maurício Reis, como a sua música mais conhecida no Brasil é louvada há 45 anos, desde 1973, era cantada sim, com a alma, pois não é à toa que ele deixou uma neta com o nome Verônica em homenagem a sua música de maior sucesso. Nesses dias de Festival de Inverno em que, a minha cidade,  Garanhuns-PE, recebe um cantor romântico do porte do inigualável Odair José(O Bob Dylan da Central do Brasil), que fora tão perseguido pela bizarra censura da fatídica Ditadura Militar que o considerava um  transgressor dos bons costumes e uma péssima influência para os jovens(?), então,   ouçamos a música cinquentenária tão bem interpretada pelo poeta do cravo branco, Maurício Reis, esse  vozeirão metálico com  uma voz de tenor: Verônica!!!

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