Donos pensam em encerrar definitivamente a produção de frangos.
A maior seca das últimas décadas em Pernambuco também está prejudicando a avicultura no interior. São Bento do Una, no Agreste, fica na área que mais produz frangos e ovos no estado. Por causa da estiagem, há dois meses os aviários estão vazios. Os donos só pensam em encerrar definitivamente a produção de frangos, com que trabalham há mais de 20 anos. As aves não podem ficar sem água nem um instante. E o reservatório mais próximo fica a 40 quilômetros de distância.
Em uma das granjas, há espaço para seis mil aves. Se ela estivesse cheia, cada uma iria consumir vinte litros de água ao longo do ciclo de vida. São Bento produz, em período normal, três milhões de ovos por dia e 500 mil frangos por semana. As grandes empresas contratam pequenos produtores e entregam a eles os pintos e a ração. Os pequenos trabalham em seus próprios aviários para os frangos crescerem ao longo de sete semanas antes de irem para o abate. Porém, essa rotina mudou para muita gente.
Na falta de dinheiro e de alimentos para os animais, muita gente apela para um recurso não recomendado. Quando os frangos saem para o abate, vende-se para criadores de gado a cama, que é uma camada de palha misturada com as fezes das aves. É para criadores darem aos bois. Isso é proibido, mas tem sido feito, pois rende dinheiro para o produtor de frango e ameniza a fome do boi por um tempo.
Com a duração da seca, os moradores de São Bento do Una acabam empobrecendo. Na feira, o preço dos ovos subiu. A bandeja com 30 unidades passou de R$ 6,50 para R$ 8. Nelson Almeida é vendedor de queijos e ovos e explica que ainda não abriu mão de trazer a mercadoria.
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