Duas decisões, tomadas pela presidente eleita Dilma Rousseff e pelo interino Michel Temer, reforçam o contraste abissal entre os dois personagens.
Ontem, Dilma anunciou que irá pessoalmente ao Senado fazer sua própria defesa no processo de impeachment, que o mundo civilizado e esclarecido enxerga como um golpe parlamentar.
"Será a manifestação de uma presidente que irá ao Senado e que está sendo julgada por um processo de impeachment sem crime de responsabilidade", disse Dilma, que disse também não temer a agressividade de senadores alinhados com o golpe de 2016. "Nunca tive medo disso. Aguentei tensões bem maiores na minha vida. É um exercício de democracia", ressaltou.
Enquanto Dilma se expõe, Temer decidiu se esconder, no momento em que as atenções do mundo estão voltadas para o Brasil em razão da Rio 2016.
Neste domingo, pela primeira vez na história, uma cerimônia de encerramento olímpica não terá a presença do chefe de estado – ainda que provisório – do país anfitrião.
Temer não irá porque, depois de ter recebido uma vaia de 105 decibéis na cerimônia de abertura, tenta evitar que outra onda sonora de rejeição do povo brasileiro – 79% querem sua saída – influencie senadores, antes da votação decisiva.
É uma situação tão inusitada que o Comitê Olímpico Internacional ainda não sabe quem passará o bastão olímpico ao primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, que vem ao Brasil especialmente para isso, uma vez que Tóquio sediará os Jogos de 2020.
Além disso, enquanto Dilma propõe reforma política e novas eleições, Temer retoma práticas da velha política, transferindo o controle das verbas contra seca aos coronéis do PMDB.
Se, de um lado, a presidente eleita, que recebeu 54 milhões de votos demonstra coragem e altivez, o interino, que busca 54 votos apenas no Senado, se esconde do público, ao mesmo tempo em que tenta agradar aliados de ocasião no Congresso.
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